31 de jan. de 2018

Estrangeiros

& se tudo não passasse
 de uma fuga da sedição do Inferno
  de uma fuga da sedução do Paraíso
   de uma fuga do apelo do Nirvana

Pois em nossas titanomaquias
 já destronamos o Olimpo
  já refutamos o Limbo
   já desmascaramos o Umbral

& vítimas de um exílio auto-infligido
 somos almas em profunda comunhão
  somos corpos em via de iluminação
   somos espíritos em plena rebelião

Abortar arquétipos do exílio...
Recordar as mentiras da queda...
Despertar & ir para longe...

30 de jan. de 2018

As Novas Bacantes

Elas vem
 virgens promíscuas
Psicopompos aleatórios
 guiando com desorientação
Adivinhos inconscientes
 da poesia & inspiração
Bacantes embriagadas de si
 porque quem se consome não some
Urdem acidentes virtuais
 & remexem dores mal amanhecidas
Provocando
  Insuflando
    Tumultuando
 o descondicionamento almejado
Em seu trabalho
 fúnebre festeiro
Escarificam no couro pudico
 orações & blasfêmias ao caos
& enterram vivos pensamentos
 de preguiça & normalidade
No solo santo
 onde seus pés limpos pisaram ouroboros
& suas línguas sujas cuspiram
 beleza & escárnio
Elas vem...

29 de jan. de 2018

Almofala

Olhos
 ninhos de gozo...
Cegos
 como cus...
Ao prazer que se colhe
 na escuridão...
Pelo exponencial calibre
 da língua no bico do colibri...
Um sopro que apaga a vela
 & revela o quase nada...
Que é relevante
 do impacto do fogo sobre o corpo...
Por todos os fulcros onde penetram
 & acampam um instante de luz!

[Vultur]

28 de jan. de 2018

Pseudo-Haicai para α

Vamos editando
Na mente que pondera
& no corpo que medita
Nossos haicais sensuais
Tão raros como nomes de três letras
De mulheres raras
Impossíveis de não amar

27 de jan. de 2018

imediatitude

eu gosto de escrever à mão livre
no papel que posso queimar mas guardo

eu gosto da imediatez
da mão nua com a seda

nada de média
muito de tez

poros
pele

&...

trabalho nessas palavras
como um pecador que se masturba

solitário
desesperado

procurando urdir feitiços
na atitude de escrever

alcançar um gozo que sei que não há
sem outro, nem que seja para ler

26 de jan. de 2018

Perfeição

O que sei de você
 é imaginação
Nenhuma verdade
 nada
& todas essas palavras são
 para mitigar o desespero
  de uma ausência
   que nunca foi presença...

Como explicar?
Nada se revelará!
Sabemos o que é perfeito
 mesmo sem
  existir perfeição!

25 de jan. de 2018

Flor

O poeta quer
 descobrir a origem da palavra,
Por que um dia
 a flor foi chamada "flor"?
& descobre assim
 que ela é chamada por causa do fim,
Pois apontaram para ela & clamaram:
 flor, fleur, fiore, flower, flos...
Ao longo do tempo
 em que os olhos a viram & a língua chamou
Até a última flor que será vista
 & o poeta dirá: "Eis aí a derradeira flor!"
Depois disso não haverá mais flores
 só a palavra "flor",
Pois a origem das coisas
 é sua luta contra o esquecimento
& a mais sublime forma de não esquecer
 é ter um nome para lhe lembrar o que foi;
A palavra que por ti chama
 é o sussurro pelo qual se perpetrará
Chama-me então "amor"
 que para sempre te chamarei "flor"...

24 de jan. de 2018

Engenho

O momento inteiro
 é um forno que envolve a obra
Assola solar
 o crematório da vida
  sob o céu azul de ilusões aquarianas

Toda carne & toda sina
 sem tempero cozida
  por entre a paisage-moralité
   é só um esforço de décadas
 rumo à ruína

Todo homem nasce condenado
 seja pelo crime, pela sorte
  trabalho ou roubo
& no fim das contas
 vai dividir no esquecimento
   que tudo que fez não valeu pra nada.

23 de jan. de 2018

Recôndito Caótico

Uma casa mata adentro
 ladeada de sebes de flores tropicais
  & fungos nocivos aos canibais
Rosas gigantes
 cercavam com tempestades de perfumes
  aquele recôndito caótico
Quando o luar raiava
 trazendo reflexos dos sertões
  a casa se tornava ninho de homens com asas
   são vespas, buitres, águias
& as flores descomunais
 ladeavam em trilhas de púbis entumecidas
  alimentam de seiva virgens
   licores, mel, ayahuasca
     da fonte que ali brotava
Na casa da mata adentro...

22 de jan. de 2018

Mito-Poiésis Vultur - (em)Cerramento:


  a\/w\/...
    Daimon\/Ekstasis

A mito-poesia funda & refunda, a toda instante,
o êxtase, pois é um (v)ir e não chegar...

Ao longo desta obra revemos e expandimos os conceitos referentes ao que seja então uma Mito-Poiésis Vultur dentro da obra e da própria existência deste autor, trazendo novamente à baila emanações que ao longo do tempo foram compondo o todo, ainda em desenvolvimento, das referências psicológicas, mitológica e artísticas pessoais que se dão como uma autêntica Obra.
   Os pormenores das sendas que levaram a tal e tal asserção dentro da obra são muitas e quase impossíveis de se relatar, o que fica é realmente o exposto publicamente, o horizonte de eventos cujas coisas que o circundam são emanado de um ponto futuro completo e perfeito que só o nada da morte porá um ponto final.
   Na galáxia emanativa da obra vibram as escalas do que foram sendo “des-cobertas” na experiência existencial humana do indivíduo.
    O que podemos conclusivamente asseverar da fonte futura de emanação de todas essas coisas é o Amor & a Liberdade, sentimentos com os quais o ser humano digladia e se emaranha para dar ao mundo a presença obvia de sua passagem pelo intervalo da vida.
   Se eu fosse cravar o que seria esse ponto final completo do qual provém toda inspiração para emanar, pelo que consequentemente experimentei até então, um vislumbre do futuro que me impulsiona, eu poria não uma coisa ou um objeto, mas uma condição, um estado de ser, que por ventura chamaria Completude ou Totalização, mas que teria incluído certas características intuídas, a saber, a realização de um grande amor, a convicção de uma certeza espiritual e o encontro da felicidade, que somadas resultam em algo espantoso.
   O grande amor possuiria a forma de uma mulher específica, o coronário de uma fé seria uma apreciação espiritual-cientifica, e a felicidade seria a possibilidade emanada da serenidade do saber amoroso.
    Tais “coisas” tão gerais, assim ditas, mas tão significantes pessoalmente, dentro do meu coração, dão a dimensão de algo que pode parecer louco o genial, mas também parcial ou enganoso, tomado por um ou outro leitor ou pessoa qualquer que vive e está no mundo. Isso seria “o Sentido da Vida”!
    Tal coisa, propriedade da busca intensa de tantos ao longo de toda historia humana, dita assim, poderá, como disse, parecer intricado ou simples, pois não é nada para além disso, que em dias e noites afins de incansável esforço ou proporcional exaustão, cada ser humano se viu e vê em algum ponto da vida confrontado: uma resposta para o por quê de estarmos aqui!
    Que tal inquisição venha a uns em momentos de sofrimentos e desesperos, a outros nunca aconteça, e para alguns venha como evidência é tácito e tão humano como a fé religiosa ou o medo ou  anelo pela morte, e a busca incontrolável por alegrias. E que esse autor a tenha na forma de Obra de EmanArte desvencilhada em uma Mito-Poesia não é nada além de humano também.
   Afinal são os indivíduos sempre que lançam menos ou mais seu vulto sobre os outros, como estrelas atraem para sua órbita planetas aprisionados sob o julgo e influência de seu gênio ou tirania, para dar sentido ou marcar passagem no matagal sem trilha da existência.
    O que se emana nessa mito-poiésis Vultur não é nada além disso, e ao mesmo tempo muito mais, pois é o trabalho de uma vida que se lançam ao trabalho conscientemente, e não apenas reagiu ao mundo, ou melhor, reagiu sim, mas de forma à dar ao mundo muito mais que a maioria dá, uma resposta e um ato de rebeldia ao entender a dinâmica do vir-a-ser. Vê-se nisso uma ação original, e não apenas um ato de reflexo.
    Sim! Se o principio fundante futuro do Vultur é o Amor, a Liberdade e a Felicidade, tudo isso se posta como Rebeldia diante um mundo que através de processos de contratos e coerções cientes ou subliminares se fechou ao verdadeiro Amor, ao Verdadeiro Deus, e à Verdade sobre o ser humano, sem Liberdade de ser e sem compreender a dimensão da Felicidade.
    Não quer o Vultur chegar à Verdade, não! Como dissemos, nosso interesse não é a Verdade, a Filosofia, e nem sequer o Bem e o Belo, pois tudo isso são sinais de precariedade, ou antes, querer isso é sinal de precariedade e deficiência, estética e ética do ser humano, causada justamente pelo conluio dito acima do ser humano com o mundo, em seu Zeitgeist incessante que tritura a humanidade em troca de muito pouca coisa.
   E quando o Vultur diz que seu objetivo é a Literatura, ele quer dizer muito mais, pois a “literatura” aqui é o que se convencionou a chamar de Arte, que muitas vezes foi escrita para significar a autenticidade, assim como a Alquimia, a Luta, o Autoconhecimento, etc., as Artes.
    A Literatura de tudo, desde os códigos que compõem o Universo, passando por todos os genomas dos seres viventes, até os algoritmos do mundo virtual com o qual agora nos confrontamos indicam a senda da Mito-Poiésis que o Vultur então reverbera de forma menor em sua “arte”, emanarte! Literatura é o Sentido!
   O Vultur vem para dar seu sentido às coisas, e que isso apareça como obra de emanarte é consequência do encanto e da sedução produzida por quem dá sentido às coisas.
    Cremos de forma maior e superior que na existência, o porque do ser humano é dar sentido às coisas, que não tem ou não precisam ter sentido algum, mas esse dar sentido transforma o mundo. Gostaríamos de ter uma palavra para esses “dar sentido”, e talvez à urdiremos um dia, até agora bastou a chamar de Amor, e seus frutos na consciência individual de cada um, pois dar sentido é entender a coisa, é mitologicamente, se misturar à coisa, copular com ela e daí do extremo gozo de ser um com ela em transparência, saber o que ela significa, dentro do coração.
   Então o entendimento do sentido do mundo e da existência leva o individuo aquela serenidade impassível, que muitas vezes vemos retratada na posição e no olhar dos sábios e dos loucos, que paira além do bem e do mal, vibrando de quietude!
   Ora! Encontramos mais rápido do que imaginávamos o termo para se referir ao sentido encontrado na existência e que nomeia então a obra do Vultur (e de cada ser humano autêntico), e para quem não a percebeu ao longo de toda essa explanação faceira e literal das coisas, a grafamos no final deste compêndio mito-poético de emanação, o ponto futuro que nos insufla a emanar e do qual advimos todos e vamos ao encontro também, fruto do daimon (gênio) humano a fonte de tudo e o objetivo da existência:

Êxtase!


Mito-Poiésis Vultur

Mito-Poiésis Vultur é uma micro-obra que vem para marcar uma rota de afirmação de uma totalidade que se busca com o pensamento artístico e literário denominado Vultur, essa rota gira em espiral do núcleo existencial Mito-Poético deste ar-tista. Ela é composta no intuito de expandir ideias, temas e proposições recentes de minha produção de Emanarte e para definir os parâmetros buscado por um tal “movimento” Vultur.
    De tal feita se expõe aqui de forma estética e estilística aquilo que venho desenvolvendo intuitivamente e sincronisticamente ao longo dos anos e que se afirma cada vez mais sob o selo do Vultur, uma expressão fisiológica e pneumática da obra de emanarte pessoal, para se lançar enfim para voos literários de agora em diante.
   Essa Mito-Poiésis é então um “Saber Erótico” uma Erotosofia, orgástica, que para além da Filosofia, que é “amizade pelo saber”, o Vultur se mostra como uma “fornicação explicita com o saber”, denotando de tal forma seu pensamento, como disse, físico e espiritual.
   Nesse tomo desenvolvi proposições apresentados nas obra recentes de caráter Vultur, como a própria obra inaugural de Outubro de 2017, Vultur – Daimon Eckstasis, acrescentando o Alfabeto Dançante Vultur-Ariacna de Novembro de 2017 e o Pomar das Romãs de Janeiro de 2018. Nessa linha de lançamentos, o Pomar em sua consecução indicou uma volta do olhar ao passado, precisamente à micro-obra @ Romã de Novembro de 2016, onde estava então o germe de uma expressão literária que agora afirmo como o Analogion.
   Assim os Analogions (Logions - Dictos - Dis-Curso) são um passo além na emanação de uma configuração do que vem a ser essa Erotosofia Vultur, aqui explanada, para incremento maior do que vem a ser a Emanarte, em sua expressão estilística, estética e psico-científica do artística.
   Trata-se de uma redes-conceitualização estética-estilística-filosófica que arregimente a visão de emanarte Vultur que contém pensamento, imagem e escrita na forma emanada desde Vultur, mas que sempre esteve em minha produção artística e minha visão de mundo e existência. Assim essa Mito-Poiésis vem coagular em uma micro-obra tal forma de ser-aqui.

    Mito-Poiéis Vultur vem, como disse, para dar forma ao que foi introduzido em Vultur – Daimon Eckstasis e expandido em Alfabeto Dançante Vultur-Ariacna – Portfólio de Prelúdios de uma Dança até Pomar das Romãs – AnaLogions de AmorFrater, mas também retrocedendo até Portf0lio de Estranhezas – Paradigma dos Livros Futuros, de Outubro de 2015, para dali então tomar impulso até a presente obra que visa ser ao mesmo tempo uma releitura e uma afirmação dos conceitos já introduzidos nessas obras passadas, acrescentando a emanação sincronística intuída desde então, dando corpo atualizado dessas referências emanativas.
   Porém atentamo-nos, como veremos, que desde minha primeira obra conceitual, Baedario, de 2005, passando principalmente por Enphlexyon, de 2010, as sementes emanativas daquilo que vem a ser o Vultur já estavam dispostas aqui e ali, trabalho que com o tempo foi se coagulando e agora aqui nessa Mito-Poiésis se afirma, pois além de retomar a linha de pensamento e emanação anterior, acrescenta-se à mitologia pessoal já desenvolvida desde Baedario, outros conteúdos sincronisticos que Vultur foi a porta aberta para a emanação.

   A presente obra além de conter a redes-conceitualização do processo emanativo literário-estético do Analogion, avançará nas conceitualizações da emanarte Vultur iniciada em 2017, assim como exporá pelo processo Analogion os rompimentos expostos em Vultur (2017) e expandirá tais Rompimentos por esse processo, além de também reformatar os Rotos lá expostos, sob o processo do Analogion.
   Se Vultur é o manifesto de uma nova forma de “arte”, a Obra de Emanarte, e o Alfabeto Dançante uma de suas emanações imagética-linguística, o Pamar das Romãs veio trazer a sincronia intuitiva para uma forma de texto inaugurada em @ Romã e pressagiada no Portf0lio, que agora será rede-teia-texturada nessa Mito-Poiésis como o Analogion.
    E mais, sendo o Alfabeto Dançante uma paragem que pressagiava um romance, em confecção, que abrangerá toda a estética e visão do amor Vultur, o Analogion providencialmente se adianta para dar finalmente status estético à esse romance, que não por motivos outros estava em suspensão, mas esperando do Inconsciente desse Vultur uma kaosordenação estilística para sua emanação. Vejo então essas duas obras, o Alfabeto Dançante e a Mito-Poiésis Vultur como partes antecessoras necessárias de expressão antes do grande romance Vultur que assinalará efetivamente a atualização deste estilo literário aqui necessariamente exposto antes.

e.m.tronconi
Janeiro de 2018




de manhã

Ela me tocou
na frieza semi-úmida da manhã 
& disse que me adorava daquele jeito 
nem desfalecido nem rijo...
-Porque, ela disse,
vir acordar
é melhor que ir dormir!



20 de jan. de 2018

O que gosto no Verão

O que gosto do Verão
 é o vento quente & lento
  que entra pela casa limpa
O banho fresco no fim de tarde
 com perfumes coloridos
  para fazer ele durar
& a comida leve
 com toques de frutas para agradar

O que gosto do Verão
 é apreciar Samba-Rock
  enquanto te dispo dos panos
& celebramos os meses quentes
 em que você & eu nascemos
  antes das noites de Outono chegar

O que gosto do Verão
 é que ele carrega esse apelo à nudez
  um convite à uma fome melhor
A grata sensação de vida
 de suar fazendo quase nada
  só beijando seu hálito de Sol

19 de jan. de 2018

Canção de Ninar

Voamos até a exaustão
 & quando a escuridão vem
  não é a luz que se apaga
   mas a chama da vida que esvai

Como insetos
 no fulgor da luz que cega & queima
  deixamo-nos dissipar na fome
   entre o que sustêm o vôo
    & que faz quedar

O desejo
 canção de ninar
  permanece intocado
   como lembrança revivida
    insetos que somos
     voamos em volta da chama sem cessar

18 de jan. de 2018

Mortalha

Imagem & semelhança
 pele que envolve minha carne
  carne que envolve meus órgãos
   órgãos que envolvem minhas tralhas
    os restos
     mente, desejo, espírito, confusão...

Não quero parecer perverso
 não me agrada parecer quando sou
Essa fantasia comercial de perfeição
 nunca comprei
& nem o esforço social de agradar
 correr para a promoção de mortalhas coloridas...

Por um instante qualquer um pode ser
 imensamente feliz
Por um instante qualquer um pode ser
 profundamente triste
Eu quero encontrar quem vem do futuro
 o presente, estou aqui,
  & o passado, fui lá & vi
Por um instante,
 qualquer um pode parecer... perecer... vencer...

Somos imortais
 por trinta e três mil trezentos e trinta e três dias
Mas por trinta e três mil trezentos e trinta e três noites
 vou despido de parecenças
Do futuro me vem o instante eterno a ser alcançado
 a-mor-...fati...

Às vezes vou até o deus
 às vezes Eles vem até mim, afinal, são três
Sempre vou em paz
 Eles vêm em guerra
Mas é porque vou ao deus
 na forma do meu amor-fati
Mas Eles me querem sudário
 & chegam até mim
  na forma de outras pessoas, outros restos...

& os restos fluem, como som, fogo, fúria
 as tralhas rompem os órgãos
  os órgãos rompem a carne
   a carne rompe a pele
    a pele rompe a semelhança
     a semelhança rompe o véu
& assim alcanço o nada...

17 de jan. de 2018

DeuX

Sonho com um deus
que venha & traga flores
Que seus pés não toquem o chão
mas caminhe do meu lado
Sonho com um deus
nem macho nem fêmea
Que arquitetura perfumes
exalados do Pleroma de cada rosa
Sonho com um deus de sonhos
que venha & torne possível esquecer
& do curto sonho da vida com seus longos pesares
me acolha, com tudo que amo, no Pomar das Romãs...

16 de jan. de 2018

adventos

Às vezes vou até Deus
às vezes Ele vem até mim,
Sempre vou em paz à sua procura
Ele sempre vem em guerra até aqui,
É porque vou à Deus
dentro de minha alma
& Ele chega até mim
na forma de outras pessoas...

15 de jan. de 2018

Confundir-nos

Trago da noite o prazer permanente
do gosto que você deixou em mim
na boca, no peito, no meio das pernas,

Trago da noite o prazer imanente
do que ficou para além do encontro dos corpos
os sinais atmosféricos do amor,

As trilhas por onde rolamos um sobre o outro
as flores que amassamos
& os perfumes que compomos...

Trago da noite, pouco & nada mais,
o desejo de repetição
& o fato de ter me confundido com você...

14 de jan. de 2018

Uma nova chance...

& se eu nunca te esperei,
se tudo fosse mesmo um sonho
   que sonhei sozinho...
Não te alcançaria
   tudo que sonhei para nós
& sua vida não seria
   um instante diferente...
Eu não teria o direito de sentir saudades
& você não poderia crer
   que de alguma forma
      pudesse ser mais feliz do que é
Se o passado fosse possível
   de mudar...

13 de jan. de 2018

ExtraOrdinário

É tudo simples & claro
para além da fantasia...
...a magia ainda é possível!

Me diga, se não seria melhor
que o extraordinário existisse...
Não para o hocus-pocus do deslumbre
ou o abracadabra da pretensão...

Mas para ser possível o perdão depois da decepção,
o sorriso depois da tristeza,
a amizade apesar da discordância...
Isso é coisa para magos, sábios...

É tudo tão simples & claro
para além da fantasia...
Que não a confundam com ilusão
que complica & obscurece
& raramente cessa!



12 de jan. de 2018

paradoXos

além do que se pode dizer
uma poesia de imagens com luz serena
um gozo mental
de koans sexuais...

---------:&:---------

&mτ in Portf0lio de Estranhezas v Vultur

11 de jan. de 2018

Womenlet

Me disseram que tem coisa que só mulher sente...
algo tentando te fazer ovo...
ao avesso...
na bolha, no olho, no oco,
um soco no vazio da mente,
nada novo nas trocas que fazemos...

Hamlet, Homenlet, Womenlet, Omelete
Não-ser ou Ser?!
Eis a questão!

me disseram...
não convém
mostrar que teu prazer
pode ser o prazer de outrem também!
Para se fazer omeletes... a questão é
Ser ou não ser!
Ovo... bolha... oco...
Deixe ovazio vazar
Somo cheiodemais pra encaixar
então pouca cousa...

Pois fêmea é a carne
& o resto é osso!

10 de jan. de 2018

Destrabalho

Atravessamos as horas
com a sonolência da ignorância
que confia no amanhecer;

Esperamos a vaga
que justifique essa falta
de necessitar sobreviver;

As seis da manhã, o vento acorda
soprando o azul & o rosa
sobre nossas cabeças cheias de contas,

Um acalanto engano
aos olhos que enchem as filas
& as conduções superlotadas;

O dia, Senhor dos escravos
revela as falácias
da agonia que se desenrola,

O homem acorda & quer o pão
mas também matará pela carne
mesmo que seja a sua própria;

Ainda que haja caridade
ela é só condolências
por sermos pobres;

O vexame do desemprego
no reboliço do enxame das multidões estéreis
ensurdece a alma cidadã rasa,

Trabalhar é encher as panelas de lixo
manter as massas preocupadas
& os parasitas em festa;

Só gostaria
de não ter que trabalhar para o homem
não trabalhar para a fera,

Calar a minha boca pela fome própria
& vender meu tempo
ao silêncio interior... que cria,

Fazer um pacto social com a madrugada
& deixar carecer mão de obra
que é a matéria-prima da desgraça,

Dar meu corpo às revoltas mais sutis
que impeçam a aurora da fera
todo dia acontecer...

Mas as massas que recebem dinheiro por seu tempo
desconhecem que o melhor do suor
é o ócio!

9 de jan. de 2018

Prajnaparamita Flashback

Tua fala sânscriptica
depura estados hipnagógicos
auto-inflingidos na língua
Ígnea... phalêia...
Em luz αnalógica
dança oculta sobre a lápide...
Virgem de ácido
viagem........epinoia
Sombrassombra sonhos
onde não consigo
................contigo me encaixar
badtrips consumadas
pelo espaço-tempo...

8 de jan. de 2018

Pomar das Romãs: Intradução


Pelas  teias  de  Ariana
   o  caminho  secreto  da  obsessão...

Eis  as  Lâminas  Alphadançantes  ao  Canto  do  Bode
   pressagiam  dionisíaco  hipersentimentos  em  trânsfugas...

Instantâneos  de  um  baile  da  Linguagem
   rompante  rumo  ao  ômega  do  dito...

São  feitiços-dizeres  da  força  de  uma  vontade
     que  materializar-se-ão...

&  voa  o  abutre  &  tece  a  aranha
   o  sentido  que  escolheu  escorrer...


aw - Amor... & sua ausência, eis aqui a questão... o interdito, não sabido, ou esquecido!
   O amor é uma teia de aranha que escorre no labirinto das paixões & maldições, labirinto de fogo, labirinto de nada & caos...
   Como falar do amor? Como defender a guerra? Como justificar a ignominia?
    As atrocidades deste sentimento, & pior, de suas cegueiras... Ele que tem tudo a ver com som, pois o amor é uma música, um ruído, um hino, na boca da morte & da vida... Canto de sereia que arrebenta arrebata a almanau...
   Vultur idealizou o amor, o cortejou, mas um amor direcionado a uma única pessoa, seu Alpha & Ômega... Primeiro era nada, depois caos... Primeiro foi paixão, à sexta vista, até descobrir a raridade do que estava explicito... depois se tornou obsessão, profunda obsessão, & sendo algo platônico ele teve que a matar em seus sonhos, para tentar se livrar de uma agonia irreal constante... Porém antes disso ele tentou ordenar o caos...
    Erigiu de pensamentos outros, que ouvira falar, de um tal amor dionisíaco, o amor do inferno então, de Hades por Perséfone, amor do Submundo, da Morada dos Mortos, pois assim é o amor sem o objeto amado em si, aprisionada por vontade própria sob a custódia de seis favos de romã...
   Então idealizou o ‘Amor como Transparência’. A ideia é simples, cada amante é uma placa transparente, que se co-penetram em suas cores diferentes, formando a projeção holográfica do caso, sobrepostos, nada sobre nada, o amor que alcançou a nadificação do êxtase...
    Do Amor, Teogonia e Teoria estão prontos, Mito e Filosofia, aguarda o Vultur agora a Práxis desse amor, a tecedeira do seu labirinto, a aranha primordial que vem do futuro que sonhou para si & para ela...
    Enquanto isso não se concretiza pneumaticamente, o Vultur lança seus feitiços-indigestivos na trilha da reverberância da linguagem que é a comunicação, que senão a mensagem, então a vibração, há de alcançar Ariana, empurrando cada dobra do universo para reformar o passado em que enfim estarão juntos.
     Há de se destruir então o jardim, & invadir o pomar... de Hades, como Perséfone o fez...

   Plenas, as teias que formam toda uma galáxia de sentimentos, palco da saga desse amor, é sagrado na ação de uma mito-poiésis que urdirá desde o inconsciente, uma nova real-idade!



Pomar das Romãs

“Pomar das Romãs” é uma rápida visita à micro-obra “@ Romã – Um livro analógico de ditos de amor”, de Novembro de 2016, acoplando os ditos analógicos à inspiração Vultur, para dar impulso ao grande feitiço de amor entre o Vultur & Ariana e acordar o amor dionisíaco que o Vultur quer afirmar: Transparência.
    Assim para a surpresa do autor, ao começar em certa manhã chuvosa de Janeiro a compor essa micro-obra, eis que foram se concatenando sincronisticamente do futuro os pontos de rompimentos que desejavam emergir, vir à tona, se apresentarem para dar sentido inconsciente ao conteúdo deste libelo.
   O texto Vultur parte, depois de uma introdução que visa situar o dissonante (Intradução), do mundo quadridimencional (O Jardim Octagonal), onde o mal finalmente fora instalado como parte da consciência, e alcança o ponto de rompimento com todas as formas e sentimentos mundanas (Encontro/Partida: Romper) onde o Vultur e sua Shakti Ariana encontram em si, nas significâncias do pensamentos e da poesia, seu verdadeiro mundo, e fundam o seu próprio pomar para além de desertos e jardins (A Fundação do Pomar). Em tais estâncias enfim encontram rotos sentidos para velhos termos, e o principal é a tranfinição de Amor-Fati, que não é mais circular, mas espiral, sendo Amorfrater, amor afetuoso, sem o feto do amor, base para o corpo-sem-orgão da consumação entre o Vultur e Ariana, que traz reverberâncias da gilânia, sentido qual deve pairar na relação humana entre macho e fêmea.

   Toda essa epopeia de sentidos e dessentidos é coberta em parcos 5 pseudo-capítulos, que são capitulações ao verdadeiro sentido das coisas engendrado pelo Vultur onde os “ditos” tornam-se “des-ditos”, ou seja Dis-Curso: Analogions!



7 de jan. de 2018

Saudade do Nunca

Às vezes
   eu nem acredito que estou aqui,
É tudo tão irreal
   a paisagem, os sons, o momento,
      minha própria presença...
Tudo se estende
   em um contínuo
      de fome & insatisfação
         cujo fundo é a saudade do nunca...

Reverberâncias
   do caos & do nada
      na coisa oca do ser
         coração/útero dos devires...

É disto que se urde a urgência
   de reinterpretar todo o mundo...

Atuar
   aturar...
     

6 de jan. de 2018

Dispare Tempo

Que'o Tempo diz: Pare!
Eu ouvia, senti
   & o Espaço
      ficou estranho
Qu'eu não reconhecia
   meus passos
Chegando até à Flor...
Era o Sol, a Estrela que nascia!
"Eis que aqui (amor), o tempo se transforma em espaço..."
   & demos uma volta em torno da estrela
       desde então...

5 de jan. de 2018

Ovo da Sermente

Qual o nome disso que te dói demais, & também em mim,
Escondido debaixo dos entorpecentes da vida?

Acaso se chama a/mor ou re/mor/so
acaso se chama per/da ou per/dão
acaso clama atenção
ou grita pelo silêncio do julgo...

Qual o grito que tu sangras
até todo sol se por,
Que deita em nós deleite de em solidão estar melhor?
Falácia da falência de ser total...

O que esconde amargo
com os lábios que sorriem
& só falas alto
pela boca dos outros,
Carnes e nus alheios...

Nossas perdas que só a inconsciência sabe,
a dor indecente de não poder voltar atrás
& escolher não mais amar, mas defender os erros,
Que toda fábula de um romance nos levou até o limite da honestidade...

Não é a experiência
& tão pouco a inocência que agora expressa com as char/ges
ou com o char/me,
É o grito de todo o corpo
que se quer completo & divido
com a conjunção que lhe tira & acrescenta!



4 de jan. de 2018

Aroeira

No circulo que giro
   aro aéreo do tempo-estrada interior
      eira & beira na qual me afirmo
         recosto a memória & sei de onde vim,
Em um ponto original
   há esse tronco, árvore viva
Família, que se alastra
   em raízes & frutos & sementes...

Agora vejo, mirando o relicário
   da flor da aroeira, a luminosa história
      que se se repete, no esteio são de nossos lares
Pais & mães completando a volta
Vergando o aro-arco
   das parábolas-mitos internos das nossas existências
      dentro dos quais vivemos esses mistérios de ser...

A repetição da canção
   que nos leva a dançar como bailamos
& agora as origens emergem explicitas
Do refrão que se repete & é
   o mais profundo tom da partitura-casa: Avós!

Auoa, aviola,
   aves, árvores,
      rocha, rochedos...
Oitavos acima de todo toque
Pedras magnéticas solares
   que nos atraem para sua órbita
& juntos constelamos um novo começo
   dentro da mesma história
      que nos diz quem somos....

& assim como Deus
   que é Avô & não Pai
      damos aos nossos pais a ascensão divinal
         da benção & do respeito
            de serem a fonte viva
Antepassado no futuro que chegou & os completa
Pais de pais, ao que os netos vem...

& os velhos fatos que habitam nossos sonhos se repetem
A velha casa & seus mistérios sagrados
   onde habita a energia que nos atrai, gravidade
      & nos mantem juntos
Encanto do encontro
   carinho & respeito
      onde se vela a liturgia da segurança & da benção...

O reino paterno-matriarcal
   da família unida
Sadio repouso quando cansados
Esteio da criação
   que nos sustenta
      com pão, água, carne & exemplos...

No sacrário mistério explicito
   que os filhos comungam dentro de cada lar
      das coisas sabidas & incontidas
Os avós minérios, estrelas ferrenhas em torno das quais
   nos propomos fieis orbitar
Chega a vez então de deitar as preocupações
    & de novo saber:
Em torno de cada Avô & Avó
    se ergue e fixa um novo Lar,
Fogo antigo...

É quando o passado não é mais antes
Mas no agora vem nos reencontrar...
Olhai crianças! Guarda esse sentido!
Que aqui tudo é cuidado & carinho

Em torno de seus verdadeiros Pais & Mães!


3 de jan. de 2018

Disse-me...

Disse-me
   que sou o pior tipo de pessoa
Dos que interpretam a existência
   mito-poeticamente
& que igual a mim
   o fazem os dementes
      os assassinos, os fanáticos
Toda essa horda de inúteis necessários
   que são atropelados
      na estrada da vida...

Disse-me
   sem olhar nos meus olhos
      em frases feitas de teses pueris!

Mas...
Eu sou o ponto cego
   de sua visão acadêmica
Eu porto o prazer escondido
   nas dobras do devir
& os sérios & esforçados
   se alimentam das sobras
      do que os loucos
          os maus & os santos
             sonharam para o mundo...

Disse-me, mas és mudo... mundo...
& não enxergas além do muro
    prisão construída para o pesar...
         mas os sonhos são leves!


2 de jan. de 2018

Te encontrarei...

Te encontrarei
depois da sétima onda
assim que a tempestade passar
& o céu se abrir
radiando a estrela mais brilhante
do que vem a ser a Felicidade!
Não a confundirei
com fogos de artifício...

Te encontro
de alma lavada & espírito renovado
ao som dos sinos & flautas
que embalam o mais belo sorriso
Que antecede a palavra mais esperada
prelúdio do silêncio
do nosso primeiro beijo
Que saciará a sede
de todo sal do mar...


1 de jan. de 2018

Mensagem de Ano Novo

Qual tua finalidade Tempo?
Sei que não é nos matar
& nem sequer doar a vida
as festas, as feridas...
Uns dizem que existe, Tempo
porque nós existimos
Se for assim
tua finalidade coincide comigo...

Das coisas boas que podemos imaginar
um deus no céu do mundo
a paz, a justiça, o belo, o amor...
Tudo o Tempo perpassa
como horizonte de eventos
Assim como eu perpasso vertical
vertendo todos esses elementos...

Então Tempo, nosso segredo familiar
que dividimos na ceia deste altar
Que tu, como eu, não és Caminho
data, senda, repetição
Somos sim, Casa
lar, abrigo, salão...
Aqui, nessa Casa-Tempo
Corpo de Ser
a mesma porta é entrada & saída
Que prende, apreende, aprende
liberta & habita
a Duração
que é extensa nas dores
& curta no prazer
Porque à sós, Tempo ou Eu, idade
insistimos no horizonte ou verticalidade...

Eis que nos tropeços então, torço os ângulos
& te redimo Tempo
enquanto Me refina
Me instalo em Abismos verticais
& assim estendo os prazeres
& encurto as dores
Para fazer com o Tempo-Eu, aqui
um lugar melhor!

Feliz Ano-Lar Novo!