Atravessamos as horas
com a sonolência da ignorância
que confia no amanhecer;
Esperamos a vaga
que justifique essa falta
de necessitar sobreviver;
As seis da manhã, o vento acorda
soprando o azul & o rosa
sobre nossas cabeças cheias de contas,
Um acalanto engano
aos olhos que enchem as filas
& as conduções superlotadas;
O dia, Senhor dos escravos
revela as falácias
da agonia que se desenrola,
O homem acorda & quer o pão
mas também matará pela carne
mesmo que seja a sua própria;
Ainda que haja caridade
ela é só condolências
por sermos pobres;
O vexame do desemprego
no reboliço do enxame das multidões estéreis
ensurdece a alma cidadã rasa,
Trabalhar é encher as panelas de lixo
manter as massas preocupadas
& os parasitas em festa;
Só gostaria
de não ter que trabalhar para o homem
não trabalhar para a fera,
Calar a minha boca pela fome própria
& vender meu tempo
ao silêncio interior... que cria,
Fazer um pacto social com a madrugada
& deixar carecer mão de obra
que é a matéria-prima da desgraça,
Dar meu corpo às revoltas mais sutis
que impeçam a aurora da fera
todo dia acontecer...
Mas as massas que recebem dinheiro por seu tempo
desconhecem que o melhor do suor
é o ócio!
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