1 de jan. de 2012

Para Um Novo Ano do Dragão


Subo... de novo essa montanha
& não mais tenho medo de cair!
O medo sou eu!
O cair soou “eu”!
A minha direita o abismo, -Aeons-,
a minha esquerda o abismo, -Arcontes-,
dentro de mim o abismo: Abraqxas!
Vou jogar nele a escalada,
vou jogar nele a queda,
vou jogar nele o eu...

Subo essa montanha
depois da chuva de estrelas,
depois da invasão,
depois do baktun,
depois da parusia.
Na montanha as árvores em flor,
mulheres em tez, é a irmã, a gêmea, a promessa,
a nagual de meus sonhos
& uma alavanca para mover o mundo
do ponto fixo desse chão íngreme que me testemunha...

Eu preciso ainda viver.
Preciso ainda persistir mais um pouco
& tentar mais uma vez
conquistar o quinhão deste cume,
tomar posse de um pedaço da escarpada da montanha
que tanto me queda,
que tanto me cansa
& me derruba nos braços da solidão
& me dá o desafio do acontecimento...

De lá de cima vou gritar ao mundo!
E quem é que irá me ouvir?
De lá de cima vou insultar os povos, as massas,
os pobres, os ricos, os degradados, os infligidos,
os soberbos
& a todos os iludidos:
“Não vos pertenço oh! Império nenhum!
Um dia lhes oferecerei minha carcaça, mas não hoje! Não hoje”

Só aquilo que será meu cadáver será de todos vocês, povos,
massas dos cemitérios desterrados da idiotia.
Minha vida, minhas palavras, meus poemas,
isso é de ninguém além daqueles que são iguais a mim:
os que sonham,
os que vagueiam,
os ouvem a música & dançam,
os que sentem, ah!, os que sentem!
Os que amam & amam a Noite eterna do Ser
cujo o cume, para ele essa montanha é
trampolim...


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