26 de dez. de 2017

• Apropriação da Apropriação •

"Eu Sou o Alfa & o Omega"
Tu és a própria ação
Teoria & Experiência
Contemplação & Êxtase
Fêmea & Macho
O Reino dos Céus em cada um,
pois o mito do Deus que se faz carne
é o rito da carne que se faz Deus!
Salve Sol Invicto: Dionisio & Apolo...




-Facebook 24/12/17

• Ravissante •

...momento único
entre os outros todos momentos únicos
Acordo cedo para ver a Aurora
que vem em seu passo natural
Enquanto a rocha redonda rola no vazio
voltando, ilusoriamente, ao mesmo ponto...
Reza a lenda
que o Sol se levanta
Precedido pela lenta
venusiana Estrela da Manhã...
Antes dele chegar
...o café já foi passado
...o pão já foi assado
...o rosto já foi lavado
...a gata já foi alimentada
...bons dias foram dados
...os pássaros em algazarra
...& os cães latem assustados
...pela arruaça da manhã
...que penetra sucinta em um haicai já escrito
...onde o nome de minha melhor memória foi citada
...no ponto onde um raio de luz escapa
...por entre os prédios que com os anos vieram poluir a paisagem
...& me toca a face, luzindo o dia
...dizendo: "Mais uma Volta!"...
Então, uma vez por ano
entrego meus olhos & todos os sentidos à esse ritual
apreciar o raiar desta data
Meu momento Ravissante
o ponto onde o Sol surge & se perde
no dia em que nasci...




-Facebook 20/12/17

que sentimento é esse...



Que sentimento é esse? Que palavra é essa? Arranca... Expõe... Entranhar... Extirpar...
É raiz... ou são espinhos...
É dor ou gozo?
Grito calado... me ensurdece... dispensa o carinho... vem fazer sofrer... se for assim pra ficar ao alcance dessas mãos! Arranca qualquer coisa que não está fora & põe pra dentro... anacrônica!



-Facebook 16/12/17

• Thaumazein •

Quem está nu?
Os que nascem estão nus
as crianças, os índios, os artistas
& os mortos estão nus...
Mas o que está nu?
A verdade quando aparece está nua
o som & as Vênus, das cavernas & dos gregos
& os animais estão todos nus...
Quantos estão nus?
Todos os deuses esquecidos estavam nus
os amantes, os miseráveis, os torturados
& todas as mulheres aos olhos dos homens estão nuas...
Desnudos estão:
a forma & o vazio
a intenção dos famintos
o pudor & a malícia
John, Yoko & a Paz estão todos nus
O inaudito & também as palavras que não se vestem,
Pois a Nudez é a mais bela roupa
& a Pele a mais sofística das vestes
devorada no escuro & na luz do sol
para o espanto dos olhos
& a graça de ver!




-Facebook 08/12/17

pluviana

Pela primeira vez na vida
acordei com o som
do peso da chuva,
Castigando com seu carinho
uma terra sombria devastada
que abandonei nos sonhos,
Era você que plu/vinha
caudalosa, tempestuosa
me exigindo diferente...
'Dá-me teu nome
que eu lhe afogo em raiz
& crescerá melhor...
Te chamarei quando o dia raiar
& novas águas vindas de longe
afagarem os campos que secaram...'
Há plantios vindos no ar
& colheitas a se renomear
em tudo que sonhei...




-Facebook 06/12/17

alma de rimbaud

Tudo que eu sabia
é que ela tinha
a alma de Rimbaud
presa em seu corpo magro...
Eu não a lia,
eu simplesmente a aplicava
na carne flácida
para a dor diminuir ou aumentar...
Mediamos o tempo
pelas coisas intensas que sentíamos,
ela por suas luas,
eu por ereções...
& assim negávamos
inconscientemente
o impossível da eternidade
na fração dos escombros que se divide...
Tudo que não sabíamos
é que seriamos breves,
nunca seriamos leves,
nada/tudo importaríamos um para o outro
& à ninguém deveríamos perdão
enquanto sobrevivêssemos aos estragos do coração!





-Facebook 24/11/17

18 de dez. de 2017

Amnemissence


Nas lembranças
   o agora & o antes sobrepõem-se
      o depois, nunca visto, é a fonte do tempo

No tormento sem dor que é esquecer
   há uma espécie de contentamento
      em saber o que os outros não sabem

Compartilhamos a fonte deste não saber
   mas cada um bebe a própria individualidade
      o estar em um lugar que é só seu

Procuro, no silêncio do tempo
   que corrói, que desgasta, que a tudo muda
      o anúncio do descanso

Se recordar é saber
   esquecer é uma graça
      em um mundo onde só há opiniões

Para saber algo
   temos que esquecer outra coisa
      & assim sucessivamente se ergue o muro da realidade

Eis que já anunciaram o descanso
   o ócio da memória
      & o muro se dissolve

A verdade será esquecimento
   & recordar não terá perdão
      do tempo que se perdeu

Não mais recordamos nem esquecemos
   tudo é repetição do melhor possível
      & estamos aqui somente para rever

Ver ou entrever, opiniões & submissão
   quem produz saber
      controla tudo pelas ideias que copiam

Eis que vimos a revelação, rever... revelar...
   & partimos de volta ao lar...
      Esquecer é escapar!





8 de dez. de 2017

Na Brusca Senda

               a busca improvável se dá
nossas inutilidades
que tanto nos utilizam
exigem uma distância sadia & vã
de toda essa forma de tato
contatos & contágios
                                                te peguei sã
                              fingindo revirar os olhos
                             reinventando culpas
                           para sentir mais tesão
                       esses ventos frouxos
                    que nós largos dão
                     no circuito do prazer
                            que eu & você
                       percorremos cegamente
                                    & rápido passa
                               aquele desejo intenso de ver
 que nessa manhã
   tivéssemos despertado
       amando um pouco mais o mal
      para que assim fossemos apenas sinceros
     então vamos estragando
         com nossos passos pesados
              & inconfessáveis antipatias
                  o jardim alheio, assim assado
                        esse sensual bestiário
                            & o fato de ser raro
                                  o encontro com gente de verdade
                                     não muda o status
                                de pouca sinceridade aqui brotar
          que se apresente brinquedo inconsciente
se arrume, se apronte, se maquie
                                       & agora venha aqui
                                 se exiba para nossa diversão
                                      escamoteando o ego
achando-se afirmativa
           nunca foi tão máscula
                    a dadiva feminina
                  uma ideia alheia compartilhada
       mais uma repetição
um pau de self no lombo
& agora está aqui para nossa diversão
                                        luz no fim do túnel
                                     doce sorriso à cores
                                   culpa sem culpa
                                         dores
                               muita afirmação
                       declarações, exclamação
                                 autos-de-fé, gratidão
escute mundo: controle em vão
 agora! em uma época de visibilidade invisível
          será arte desaparecer
                       pelas palavras nunca lidas
                       abrindo o vazio do sentido
                                que masca a imagem
                                    & quem se importa, é incrível
                       se reviramos lixo como ouro
& o luxo sugamos
como o chicote acaricia o couro
                              já que não temos passado
                           uns para os outros estranhos
                      viemos de lugar nenhum
         nos encontrando na encruzilhada para o nada
                 falésias, falácias
                     fnords, fraudes
                        só porque
                          eu quero
                      então vou lhe dizer
                          o importante não é exclamar
                              mas antes interrogar
                                 o importante é a pergunta
                                         um interesse
                                              não influenciado
curiosidade empática
          entre tantos tolos com a mesma incerteza
                    sem saber se ler é melhor que reler
                      se ver é melhor que rever
                      se lembrar é mais fácil que esquecer
                              pois o perdão exige primeiro o erro
                              eis a beleza
                                            faca de dois gumes da gnose
                                                          a gratuidade da busca
                                  através da senda do meio
                  rumo ao infinito da dúvida
& que nunca queira
aquele deus mal
que cesse a sinceridade
do meu interesse por você

meu outro eu!


24 de nov. de 2017

Leitmotiv


Afastem-se,
   farejo o ódio motivo
      que o mundo excreta;
Cheiro com a visão
   o bolor indolor
      da alegria confundida com felicidade;
Comprometi-me
   com a fúria & o som
      do fracasso;
Minha honestidade
   é droga vendida no açougue
      onde embrulham o espirito
         com jornais amanhecidos;
Afastem-se,
   mas não se escondam de mim,
      esquartejo a devassidão limpa
         exposta na vitrine do ego.




• Sabedor'corpo / Ignor'alma •

O que deforma o corpo
não é a mesma coisa
que degrada a mente,
É o tempo & o espaço
lutando por uma forma de amor
aproximando & distanciando
a chance & o motivo de afeição,
Como você se prepara
para a dissolução da forma?
Como você se protege
das formas de degradação?
O que fazemos
para que o amor sobreviva
não tem nada a ver com nós
mas com o amor que encontramos,
O corpo-saber sorri por entre o tempo
Enquanto a mente-demente
'almadiçoa' os espaços
com os quais 'nadaprendeu'.




Facebook- 23/11/17

• Passeio em um Dia de Chuva •

Bendito seja tudo que nos distorce
Que nos vira do avesso
& turvando, faz ver melhor...
...eu só queria que houvesse um mundo que fizesse sentido...
...onde as lágrimas não obscurecessem a visão...
...onde a chuva amansasse a razão...
...onde a vontade fosse mais do que fome & sinal de falta...
Sair por aí
& nos êxtases dos detalhes
encontrar o desfrute da banalidade.





Facebook 22/11/17

• Rαrα & Surrεαl •

Te encontrei,
só então fui te procurar,
te via em todas mesmo sendo rara,
companheira nessa ausência,
nos sonhos te tive,
permanente impermanência...
Não há maior condição para o amor:
Te encontrei
& então fui te procurar!




Facebook 21/11/17

* (in)Sanidade *

PróXimos ao insuportável
somos Ridículos ou Gênios
Colaboradores ou Dissidentes
Aqueles nem sabem: Adaptados
Esses nem querem saber: ...
...há medos de perda
& há medos a se perder...
Nunca ninguém será livre/completo
sendo parte
do que lhe aprisiona!
sendo parte
do que lhe limita!

[&mτ - Δε]



Imagem: Paul Klee "An A-Z"

Facebook 20/11/17

• Azougue •

Não faço parte
& não sou da natureza das bolhas
Os que encontro, nos reconhecemos,
Compartilhamos
a influência do Azougue!
Pesados, sim!
Profundos, sim!
Obscuros, sim!
Há de se ter propriedades assustadoras
para se atrair Ouro!
Deixamos os flutuantes
pueris & frágeis
seguirem ao vento
Com destino a qualquer
maciez que os estoure!
Vamos coagulando consciência
Emergindo de abismos
com as asas esféricas
do Amor que tudo atrai!
As bolhas
traem a si mesmas
Em repetições & contradições
rápidas rumam ao insustentável
Mas o Azougue
faz do fundo
profundo elevar!

[Vultur]




Facebook 20/11/17

• Manhã sem Rosto •

Depusemos nossas máscaras,
rostos & os rastros & as roupas
em algum momento perdido da noite;
Perdemos nossas faces
& no lugar delas só valas, falos & rachas;
Podamos a cara antes do mundo girar
até o sol vir levantar a neblina
que oculta os traços das ruas
no opaco pano de fundo
que umedece a manhã...
Prima-face nunca mais,
extirpada na colisão em alguma curva
onde o gozo distorceu
a tal ponto os músculos & sensos
Que no lugar do rosto ficou apenas o gosto
do teu prazer do meu prazer
Subentendido na curva sem sinais
da estrada para lugar nenhum...
R/G...ostos
.........ozos
.........astros
Sós & acompanhados
Somos os Santos das Últimas Horas
no banquete final
para o qual nem os anjos foram convidados...
Beatificados monstros inumanos
pelo riso incontido do regozijo
que não precisa dar
a cara ao tapa!

[Vultur]




Facebook 19/11/17

• Rumor do Vento •

O vento sopra
...& é mudo
.......para as coisas
...........do mundo...
O vento farfalha
...nas folhas das árvores
......mas não reinventa as páginas
.........dos livros de história...
Vento que se cala
...& fala do que se encontra
......no oco do mundo
.........um eco ilógico...
A fala do mudo
...que cala & escuta
......o estranho som
.........do tempo...
Vendaval farfalhante
...rumo rumor do vento nas folhas
......que fala de uma falha
.........incompreensível...
É o vento que faz
...o pássaro voar
......a folhagem chiar
.........& o pensamento calar...




Facebook 16/11/17

• Entorno do Acaso •

...Nossos encontros são tão raros!
Deixa dessa vez
de vir em um sonho
& me encontra na rua do silêncio,
dobrando a esquina da saudade,
depois do feriado...
De surpresa, para acelerar o coração
& parar o tempo...
Cruzamos tanta inconsciência
para sorrir do não dito...
Dias, ruas, meses, chances, constelações,
o acaso do acaso
de contar com a sorte...
o que de bom já sonhei.
Deixa dessa vez
um sonho esquecido te encontrar
& te trazer...
αfinal, todos os meus caminhos
já me levam a um (re/en)tornar
do meu melhor acaso!




Facebook 15/11/17

• Ana Adore •

...Meus círculos em tuas órbitas...
Anular...existir...
...nua lua lar de Ana
...há nada em todo lugar
Acolher...espantar...
...o sentido
...sem ter tido centro
Partir...ficar...
...você em todo lugar
...repartida em todas
Recolher...replantar...
...lunação
...jardim de tuas águas
Circular...orbitar...
...eterno retorno
...à essa mania de te amar.




Facebook 13/11/17

• P@r@sit@ •

Decifra-me & te devoro
Adora-me & te vendo
Vença-me & te refuto
Engane-se & te exalto
Adapte-se & te incluo
Revele-se & te arraso
Repita & te acolho
Inove & te esnobo
Xingue & te aplaudo
Cala & será um a mais
Grite & será como muitos
Parta & não fará falta
Simbiose com o parasita
Dependência do irreal
Afinal, "você não faria (faz) o mesmo?"
É dar & descer
É relaxar & não gozar
É saber & não adiantar nada!




Facebook 12/11/17

• Protesto das Idéias •

A Arte é
o único ato humano contra a escuridão...
Religiões tornam-se lendas,
Tecnologias evoluem,
Impérios acabam,
Mas o que hoje te abriu um sorriso,
em estado de graça,
Será eterno!

Chega pelos cantos dos olhos
& aporta um encanto inesperado,
Jogadas no tempo
as senhas para abrir sorrisos,
como a luz de estrelas mortas,
propaga-se ao infinito...




Atendendo ao chamado:
"Nenhuma beleza deveria ser poupada para amanhã, porquê somos finitos." -Martha Brandão

Facebook 05/11/17

• Canção pra Ninguém •

Dos meus refrões,
estribilhos descarrilados,
O brilho é teu,
lábios de labirinto...
Faz de mim 
um mudo a cantar tua ausência 
& ainda assim vejo beleza
na saudade do inacontecido...
Um grito
contra o carma sem causa
de uma dor sem porque,
ode que ninguém ouve, ninguém sabe...


[Meia-noite, escutando Calcanhoto: "Um Dia Desses"]

Facebook 05/11/17

• Dandarah •

Guarda isso...
escrito nas lembranças alegres,
uma palavra que teci para te vestir,
senha para hoje até sempre
chamar o melhor de ti, vida...
Palavra
escrita dentro de você,
escondida & desvelada
que entrevi, como pedra preciosa:
O sentimento
de ouvir pela primeira vez
uma canção perfeita,
A cor
que de repente descubro
combinar com teu sorriso...
Te digo ela...
no sentido das mãos
que esculpe sons,
& no carinho que se faz
entre os olhos & a boca,
O refino da razão sob o sentir,
o suspiro de dizer por inteiro
o quanto você é linda...
& porque foi assim
que te chamei em um sonho.





Facebook 02/11/17

13 de nov. de 2017

Naxos - Um poema introduzido pelo Alfabeto Dançante Vultur-Ariacna


Alfabeto-Dançante Vultur-Ariacna

Explanação acerca do Portfólio

   A ideia deste ensaio imagético surgiu com a busca iniciada em trabalhos passados, onde em uma série de ensaios com temas filosóficos-poéticos procura-se romper com a repetição do discurso e das ideias...

   Este “portfólio” de trabalhos gráficos é um avanço nessa direção, compondo uma obra imagética munida de imagens que simulam movimento de dança baseadas no alfabeto grego transliterado para o latim, é o que chamo de “Alfabeto-Dançante Vultur-Ariacna”.

   Essa obra de emanarte é também uma sequência do manifesto “Vultur”, que defende a obra de arte como emanação fisiológica & pneumática por parte do ar-tista, o Vultur, e é também o prelúdio para uma obra a ser publicada em futuro próximo, um romance-vultur de amor-fati, que conta uma breve história de uma paixão trágica.

   Aqui, para dar presença à esse Alfabeto-Dançante, invoco a mitológica Ariana, ou Ariadne, do mito do Minotauro e Teseu, que é representada justamente como a “dançarina” aracnídea das ilustrações. Nessas paragens ela já está em companhia do Vultur, o abutre dionisíaco que a conduzira, como psicopompo à ilha de Naxos, onde será coroada rainha por Dionísio, e iniciada nos mistérios do além-amor.
   Enquanto o Vultur faz sua aparição como o abutre, aquele que vem para ver, ouvi e transmutar o mito, rompendo com a significação do mito em si e implementando mais uma “novidade”, que é justamente a questão da Linguagem, que expande o que já foi dito no manifesto Vultur. Os interessado podem ler mais a respeito no ensaio anterior disponibilizado ao público em www.texturadoabismo.blogspot.com.br (in CodexTexturial).

   Neste presente trabalho não há nenhuma intenção de refletir, prolongar ou acrescentar nada ao mito, além de ser um simples trabalho gráfico, emanado e exposto (pois os parâmetros emanativos usados aqui serão usados na referida obra futura) sendo este trabalho apenas uma apresentação dos “porquês” deste tipo de composição, que não caberiam na próxima obra.
    Assim, este portfólio é apenas um prelúdio gráfico ao que virá, introduzindo graficamente, para reflexões mais tardias, sobre a relação da língua escrita, o pensamento e a dança.
   O que fica aqui é a apresentação deste Alfabeto-Dançante, com breves e aleatórias composições nessa dança-língua, complementadas com um poema final onde se expõe algumas possibilidades emanatórias.

E se nos comunicássemos dançando... se o silêncio fosse interlúdios entre passos de uma bailarina... Essa é a ideia primordial neste Portfólio apresentado aqui... Prelúdios para danças emanadas presentes e futuras...


Micro-Obra: