19 de fev. de 2016

Lírica para Galatéia

Introdução

Serei acaso Polifemo?
Serei Pigmaleão?
Triste sina
Triste sorte
Brando azar
Paixão forte
Me basta um olho:
   aquele de sonhar!
Para moldar a mais bela dama
No ébano & no marfim mais puros
Galatéia misteriosa
Revelação pura de luz
Rara & infame
Triste entrelaça sinas
   à gigantes & incapazes de amar...
Galatéia de corpo alvo
Galatéia de alma simples
Incomum beleza habitando

   em comum carne...


Ode 1ª
Complectude


Nossa perfeição desgastada
   fala menos de nossos erros
      & mais de nossa essência desalmada

Somos grama...
   somos palha...
      somos feno...
         somos tralha...

Carne mastigada
Mitigada na incessante
    história pessoal recontada

Não há o que reclamar
    na dúbia parcialidade
        desta relatividade em que existimos...

Guiados pela visão
Seduzidos pelos aromas
Enganados pelos sons
Pelo tato desimpressionados

Dançamos
Brincamos
Sofremos
Amamos
Cantamos
Descemos

Completa atitude incompleta
Do desnude de viver
Na precariedade de uma meta
Transuntar distâncias
Tempo beber...


Ode 2ª
Águas de Nereidas

As escamas de trucidamento caem
Arrancadas pela imensidão de ventos parados
   que exalo em minha solidão
Agora sou só uma vontade
Sou só suor, defeito, sadismo, preguiça
Mas vou voar
Vou voar assim que a última escama cair,
   quando a última pena de chumbo afogar-se no ar.

Meus olhos ardem agora
   com o gás do suor que encharca minha testa
      minha testa é a placa do planalto central, rochedo sem nome
         que nunca sofreu com de terremotos
            mas derretem sob o calor da linha do Equador.
Velhas florestas acima, na cintura, não falam nada,
   apenas produzem calor interno
Roubado do sol, solapado do solo
Do centro da terra,
   do meio das pernas
      imaginárias da grande serpente amazônica

Então paro... maldição! Como uso “entãos”!
Quando só quero estar nas ruas e observar a luz fugida
   que acaricia quem tem coragem de viver
Mas vivem inconscientes, apenas levados pelas luzes-cegueiras
Tudo isso são palavras de confusão, são palavras de saudade infundada
São carismas & carinhos que não afloraram
Eu caio de mim na incerteza do nada
   que representa um sonho que não paro de ter...

Quem dera não estar falando de nada
Quem dera estar fazendo poesia, metafísica, onirias...
Mas falo de meu coração
No ar... a rádio carcomida!
Falando direto do coração!

Eu emito mitos
Omito passaportes
Suponho propagandas
Engendro excitação
Cheiro vírgulas
& sigo adiante...
Eu espero o próximo dia ao som de ronco de gatos...

Me dói o lado, eu sei, me dói o lado
& isso me matará, eu sei
Me dói ao lado
Tantas impropriedades & inconsistências...
Caldo energético para o próximo sonho
Segunda terei que acordar!
Maldita sina de Sagitário
Eclipsada pela corrente de Câncer...

Encho os pulmões
Acalmo a ânsia
Leiloo a alma já vendida
& sigo em frente, esperando o que há de vir...
Tudo vem afinal
Já que o sentido do caos nos impele para frente...
Amada perfeição
Um pouco de sorte - por favor!
Para que eu possa azarar também!

Pensei algumas coisas ruins,
Como veneno para esquecer de tudo
(você sabe... quando digo tudo, digo: você!)
Pensei em coisas improváveis
& o que mais me mete medo
   é saber que o que se pode pensar pode ser...
Assim engulo o pensamento
Aviso à tripulação que hoje eu quero ficar só
& a mentira se torna veracidade.

Durante o dia pensei que realmente
   a necessidade não tem lei!
& combinei comigo justificar isso perante o Deus & o Diabo
Mas não sei mais quanta mentira pode manter de pé
   toda a vontade que passa pelo matadouro da fé que não se precisa ter
Reverbera já na minha mente, há muitos dias só uma frase:
Desabem pernas!
Dobrem joelhos, chorem olhos...
Mas a necessidade para isso nunca chega
Pois quando chegar será o beijo da morte;

Me esfole logo tempo
Que eu não vou ceder à escravidão
Não... quando isso vier não serei eu
Será aquele oco no mundo
Que as visões ayahuaskis não conseguiram me livrar
Ah! Selva faminta... shampoo dos mortos
Suor malvado & sacro...
Espero só o favor das estrelas
   para finalmente dobrarem esse ignorante aqui
Que ousou não crer que a vida é real!


Ode 3ª
Galatéia

Avançamos adentrando no mistério
    o tempo, o lugar, as pessoas, as passagens
      fundem-se impondo transformação
& é assim que perdemos nossa face
    é assim que você mudou...

Não a reconheço mais
   & escapa de mim os sonhos & certezas
       que eu poderia ter a seu respeito
Transmutada por seus ideais vedados a mim
Camaleoa na vida real
Mergulhas finalmente para longe de meu amor...

Não posso a buscar
Tenho medo de me afogar
Indócil que sou, agarro-me aos rochedos de minha arte
Verdadeiro refúgio & mentira para salvar não sei o que de mim
Salvar-me da cegueira
    no perigo de perder meu único olho...

Flana nereida
Nas águas do tempo que só você domina
Nada & renada, acalanta seu caminho
   por dentre as valas & os desastres de uma vida
      que agora sei - nunca te incomodaram...
Procelas não são mais celas - marcela!

Ciclope circular aceito
   ver & sorver de ti todos os erros
Eu a liberei para isso
Sem perspectiva eu volvo as marés
Devo aprender o que sempre mais temi: Esquecer!
O eixo das ocasiões se concatenam
   & nereida sei, tornar-se-á logo, Estrela Marinha...
Enquanto eu, comerei florestas para saber morrer de indigestão tropical.


Ode 4ª
Final

Lírio do mar
Estrela Submersa
Volvente chão do oceano
Fundo piso
Sob as pressões das vagas
Decama as pegadas de Galatéia
Menina serena
Da terra do mar

Ciclópico furacão
Redemoinho devaneio
Naufrago aos seus olhos
Síncope visual
Que cega os gigantes
No exagero de suas transmutações

Galanteio-a pela última vez
Dispersa agora
Que estás em suas volições
Que lhe mudaram & levam com as marés
O tempo a te recortar...
Para encontrar em lugar nenhum
Quem tu não és...

Adeus!
Nereida única
Amo-te. Amo tua branda luz branca.

Fim.





13 de fev. de 2016

Eu sou aquilo que estou me tornando

Do filme "Livre" (Wild), do diretor Jean-Marc Vallée, com Reese Witherspoon.




[Monólogo Final:]

“Não tem como saber como uma coisa acontece e não a outra.
O que leva ao que, o que destrói o que, ou o que faz o que florescer...
Honre... Vou pegar outro caminho!
E se eu me perdoar? E se eu me arrependesse?
Mas se eu pudesse voltar no tempo, eu não faria nada diferente!
E se eu quisesse transar com cada um daqueles homens?
E se a heroína me ensinou alguma coisa?
E se todas aquelas coisas que eu fiz foram as que me trouxeram até aqui?
E se... eu nunca me regenerasse?
E se eu já estivesse regenerada?
...
‘Nunca estamos preparados para o que esperamos!’
...
Depois de me perder no deserto de meu luto,
eu encontrei uma forma de sair da minha floresta!
E eu não sabia onde é que estava indo
até eu chegar lá, no último dia da minha trilha.
...
Minha vida, como todas as vidas:
Misteriosa, inalterável, sagrada...
Tão próxima... tão presente & tão inerente a mim!
E quão natural é deixá-la acontecer!”
----

“Eu sou aquilo que estou me tornando!”
                                                                         Buda Sakyamuni


    Na trilha da vida, nos encontramos com outras pessoas, muitas vezes caminhamos sós, outras com aquele que seguem a mesma direção, pessoas próximas, que permitimos aproximar e das quais nos aproximamos.
   Se é verdade que vivemos essa nossa vida um grande número de vezes, já a vivemos bilhões de vezes e iremos viver mais bilhões de vezes, da mesma forma, sem tirar nem por, em eterno retorno do mesmo, então só nos resta amá-la como ela é, com todas as dores e alegrias, todos os erros e acertos, pois não podemos mudar o passado, mas podemos viver de agora em diante de uma forma que não nos arrependamos mais e seja desejoso viver essa mesma vida de novo, e de novo e de novo, para sempre.
    Nada, nem todas as orações do mundo, nem toda a raiva e todo ódio que podemos gerar, nem toda bondade e alegria que possamos ter pode mudar um só instante do que passou... O passado está lá, para sempre, inalterável! Nenhum fingimento ou milagre existe, que possa mudar o que passou.
    Mas o futuro... nós podemos nos conscientizar disso, fazer algo didático por nós, e nos habituarmos a pensar que tudo que vivemos e viveremos irá se repetir para sempre, então podemos começar a fazer as coisas de modo que valha a pena viver, valha a pena sermos o que somos, ser aquilo que estamos nos tornando, pois aí está a única liberdade que podemos alcançar.
   Não a liberdade de sermos livres de tudo no mundo, não a liberdade para amar a Deus, não a liberdade da riqueza material, mas ser livre no sentido de nos aceitarmos integralmente, dizermos sim a tudo que passou e a tudo que virá. Abençoar o passado, com nossa estupidez vergonhosa, nossos erros infames, abençoar tudo, também o bem que fizemos, nossas alegrias, nossos momentos de honra e dignidade, e seguir em frente, continuando a abençoar tudo que chega, seja dor, seja prazer, não há outra forma de liberdade, nem escolhas, só afirmação.
    Não precisamos nem mesmo aceitar o passado, não precisamos querer o reviver de novo, precisamos apenas saber, ter consciência que o que passou é parte inerente para o que somos hoje, bem ou mal, bom ou ruim, o passado é só o passado, ele é aquilo que nos trouxe até aqui. Mas é extremamente importante, é fundamental tomarmos nossa existência em nossas mãos, mesmo sem entender tudo que está em jogo, mesmo desconhecendo a soma total das forças, e simplesmente impor aqui, nesse momento presente, um pensamento, uma palavra, um sentimento: “Sim!” Abençoada seja! Minha vida...

    Abençoada não por outros, não pelos santos ou pelos magos, abençoada não pela sociedade ou pela sorte, pelo sucesso... Abençoada por mim... que a aceitei assim!





11 de fev. de 2016

Poemas de Safo

Como se uma só alma não chegasse para te amar, sinto duas almas em mim...

***

Quando morreres, irás despojada para o reino dos mortos, onde entrarás obscura e obscura te diluirás no lago das sombras. Nem o Sol nem a Lua te recordarão sobre a Terra, porque os teus olhos, cegos pelo brilho do ouro, não foram capazes de ver as rosas fulgurantes da poesia.

***

És como a maçã doce, infinitamente perfumada, que se ruboriza no cimo do mais alto ramo da macieira. Julgam alguns que se esqueceram de ti os colhedores, mas eu sei que não se esqueceram, apenas não puderam chegar lá, maçã doce, abandonada no orgulho da tua solidão e do teu perfume.

***
Safo de Lesbos


1 de fev. de 2016

A Luz Que Se Vê

    A primeira coisa que existiu foi a luz, mas então ela era inconsciente de si própria!
   Vagando por toda parte a 300.000 quilômetros por segundo, a luz se distanciava do Centro, da fonte de onde surgiu, para nunca mais voltar.
    Solta no espaço vazia foi ganhando imensidões na velocidade do pensamento, a luz se espalhava, inconsciente de si mesma.
    Porém, como os que acreditam que as coisas todas tem um sentido de ser, um motivo para existir, a própria luz parece ter vindo provar isso. Cega, misteriosa, desconhecida de si, inconsciente enfim, com o tempo a luz foi se moldando de forma que impulsionava um sentido às coisas.
    Dizem que o universo evoluiu para criar uma forma de se compreender, mas na verdade tudo aconteceu como uma forma da luz se conhecer, e enfim ver a si mesma.
    Assim foi surgindo a consciência das coisas. Primeiro se desenvolveu os seres superiores, até chegar ao ser humano, se acreditarmos que somos até então o ápice da “criação”, então dessa forma a consciência humana, advinda de nossos sentidos, foi a forma que a luz concatenou para enfim conhecer a si mesma.
     De tal forma, isso se deu à uns cem mil anos ou mais com o surgimento da espécie humana, até que então, na atualidade, começamos a compreender profundamente o que é a luz, o que é a matéria, o que é o Universo, e assim por diante.
    Dizer então que o ser humano é a “luz que se vê” pode ser correto dentro deste contexto todo.

    Interessantemente, nas escrituras gnósticas encontradas em Nag Hammadi e se não me engano no “Pistis Sophia” é descrito um texto onde o Demiurgo, logo depois de abortado por Sophia, quando se declarou o deus criador de tudo, sendo admoestado pela sua mãe, viu pela primeira vez uma grande luz na forma de um ser humano, uma luz de forma humanoide ou antropomórfica, e ali entendeu que ele não era Deus coisa nenhuma.
    Depois dessa experiência, com seus arcontes, a primeira coisa que o Demiurgo foi moldar um corpo de barro com a forma daquela luz divinal que Haia visto, que na verdade era o Cristo que descera do Pleroma para resgatar Sophia.
    Assim o corpo humano carrega nessa metáfora gnóstica a ligação intuitiva e maravilhosa com a luz.
    Essa estória tem grandes implicâncias, a começar que então o Demiurgo, Sophia e os Arcontes não tinha um corpo antropomórfico ou pelo menos, se eram espíritos, luz ou energia, não radiavam na forma de um corpo humano, o que seria um brilho como representamos em estrelas de cinco pontas.


   Interessante saber que o primeiro símbolo do cristianismo era o pentagrama, ou estrela de cinco pontas, e só depois, com Roma, é que a cruz seguiu como símbolo da cristandade. Até então era a estrela ou a luz que era o símbolo do Cristo dentro da mitologia gnóstica pré-catolicismo, depois ganhando sua marca da mortificação ou do sacrifício do crucifixo o que revela uma mudança de interpretação psicológica com as referências arquetípicas.
    De um Ser-Deus de luz, radiante e vitorioso, na forma de conceber a própria forma humana, passou-se a entender o corpo como sinal de mortificação, sofrimento e suplicio erguido na cruz.


O quanto desse fato levado até nossa psique adiou ou possibilitou enfim chegarmos até as conclusões não místicas sobre a luz, mas cientificas, de conhecimento de fato do que é a realidade, não podemos sugerir. O fato é que por vias tortas nossa mente está conseguindo entender o que é a luz, o que é a matéria, o que é a realidade, o Universo, a mente, a consciência.
    Mas é fato também que os gnósticos já intuíam então, antes da ciência, o caráter numinoso de nossa existência corporal, talvez intuindo aí sim a presença divina desta forma como a superiora na possibilidade de se entender a realidade.

    Não podemos deixar de notar também a proximidade e o jogo de ideias que sugere as próprias palavras, luz e cruz, “lux” e “crux” em latim, donde de luz se deriva Lúcifer e de cruz temos o crucial, ponto limite ou delimitador, Hórus, pois à cruz, na tradição gnóstica, temos referência somente ao Staurus, a cruz que delimita as quatro estações ou os quadrantes, tudo com uma referência cosmológica, estelar.


De tudo isso então, voltemos à “luz que se vê”, a consciência que permite a auto-reflexão, o conhecer a si mesmo, coisa ligada à uma tradição profundamente prometeica ou luciferiana, o que denota a nossa interioridade humana na busca da iluminação, da gnose.
   Se como disseram os mitos judaico-cristãos, o universo ou a criação se deu por causa da desobediência de Lúcifer, a primeira luz que quis ser maior que Deus, e essa lenda repercute também desde os mitos gregos e no Anurag Sagar, entre outros, talvez possamos compreender o universo filosoficamente como um erro na harmonia geral das coisas, como defende Slavoj Zizek, e ligando isso ao entendimento gnóstico da existência, isso não foi tanto um grande erro, uma desobediência ou coisa que o valha, mas que apenas foi uma forma como as coisas poderiam ser, ou conscientes ou inconscientes, ou racional ou irracional, no sentido ordenador que a mente humana impõe ao mundo.

    Na Bíblia Jesus diz, a respeito de João Batista, que no Reino de seu Pai, o Batista era o menor de todos, porém era por isso o maior dentre tudo, em uma clara referência à luz, pois o fóton é a menor das partículas, porém é a que tudo produz, a mais poderosa, pois permite ver, conhecer as outras partículas, e é a mais rápida, tudo isso em uma clara ligação luciferiana de João (Ion) com a Luz ou a iluminação. João, retratado como louco, é a representação dessa própria sabedoria, ou “luz que se vê” ou que se compreende e que por isso ele era o predecessor do próprio Cristo.
     Ou seja, podemos interpretar isso no sentido que a compreensão ou iluminação é mesmo a loucura final dentro da realidade, onde as pontas se emendam, pois João (a luz) fora o primeiro, a inconsciência, e o Cristo estrelar foi o segundo, a consciência. Isso não retrata só um lado positivo, pois a consciência seria então uma queda, tanto que os gnósticos mandeanos vêem João Batista como o Messias enquanto Jesus de Nazaré na verdade é um enganador, a emanação de Satanás ou do próprio Demiurgo, denotando então que a perfeição era a luz inconsciente, mas perfeita, enquanto a consciência é mesmo uma aberração imperfeita, uma cópia daquela luz que desceu do Pleroma ao encontro de Sophia e foi copiada em forma por Yaldaboath ou Jeová.
    Aqui as coisas se confundem demais e dá margem a muitas interpretações até contraditórias.

   O caso é que existimos, temos consciência, somos capazes de conhecer a realidade, somos a luz que se vê, a luz que foi possível se conhecer. Se isso foi tudo um desvio da perfeição do nada um dia irá acabar mesmo, se esvair. Se essa é a vontade do Pai Desconhecido, o Deus como os gnósticos compreendem não poderemos saber, pois seus motivos estão além de nossa compreensão.
   De tudo isso fica a própria probabilidade de nossa razão de existir irrelevante, achamos que somos grande coisa, o ápice de qualquer sistema enquanto não passamos dos olhos e da inteligência possível de outra coisa, da luz. Mesmo que isso não seja pouca coisa, nós é que permanecemos ainda alienados do porque existimos, pois deste ponto de vista não passamos de uma ferramenta ou um aparelho de uma inteligência mais pura, natural, grandiosa em sua originalidade e intenções, o que há para, além disso, são nossas próprias razões e sentidos, que são no mínimo terciárias nas pulsões gerais do próprio Universo.
    Refletir sobre isso é mais do que tudo um choque de realidade, uma imposição de um pouco de humildade para o ser humano diante de que pensamos e sabemos, ou achamos saber, ao que em frente à verdadeira razão e sabedoria, não sabemos nada então.

   De todo modo ao chegarmos historicamente nas imediações de desvendar por fim o que seja a luz, o que seja o tempo e o espaço, o que seja o tecido do cosmos, estamos dando termino à nossa função então. O que virá depois?  A Grande Ignorância? O fim do mundo? O retorno de Cristo ou do Caos?
    A cosmologia diz simplesmente que a luz irá nos abandonar e não será mais possível saber nada do universos depois que esse momento onde nossa consciência aflorou para a existência, pois a luz ira se distanciar de nós, não poderemos mais observar nada no cosmo. Se não conservarmos esse conhecimento que tivemos agora para as gerações futuras eles estarão como cegos dentro do Universo, como um ser abortado que se acha deus, pois não via nada em volta de si, como narra o mito gnóstico, talvez indicando que a soberba de pensar ser o máximo é a única coisa que sobra ou exista quando a própria possibilidade de se conhecer é o que sobra.
    Triste é saber que já sofremos desse mal antes mesmo de só podermos ser ignorantes, marcando assim nossa passagem pela existência com a nota estúpida para o ser humano que diz que, não obstante sermos o modo que a luz teve para se conhecer, e assim sermos também o supra-sumo da sabedoria, somos também o ser mais tolo e perverso dentro todas as formas de inteligências que o Universo gerou.