27 de out. de 2018

AO - livro arcaico


murmurados desde a epinóia que se convulsiona do cotidiano até ao Pleroma da imaginação livre, amorosa, dinâmica, emanadora, que se quer & quer seu conduto em paragens melhores, mantém aberta as sendas do sonho, para que não morra o espírito antes do tempo-findus que lhe deve a existência...
Mas eis que se encontra exausta (a palavra), quer romper, quer desaparecer, mas aparecer também, quer se iluminar, tornar-se luz, ser levada pela luz serena, de sentido, sentidos, sem tidos...
Consciência nova e já antiga, que erigiu sua mito-poiesis ao longo de uma curta vida que se repete desde sempre. Eis o presságio do Meio-dia, da liberação dos ciclos repetitivos do eterno-retorno do mesmo... eis os murmúrios do perdão, da libertação...
Quer-se então simples, rustica, serena, original, mínima, vazia, caótica ao máximo...
Quer asas de abutre & ventre de aranha...
& para isso ousa uma obra, uma ato de emanarte, um manuscrito digital, que seja, um simples rastro no monumental momento de armazenamento de dados & extrapolações...
Siglas, signos, escarificações na pele digital, com ímpeto analógico, sempre, pois nosso arcaico é o analógico, & nada mais antes disso nos cabe...
&ntão compõe um livro primitivo, livro corpo, livro energia, caderno coisa, casa, lar, vila, cidade, loja, loucura, locus, logos, lugar... pois o lugar das ideias de um poeta... é o livro, livro, libre, livre...
Com “palavras” rompidas, que parem,
ejaculam, alucinam, original varginalmente,
virgens nunca faladas, novi-sem-idade, palavras

criminais, marginais, originais, incestuosas, extra-vagantes, pal-aves ar-tificiais, inaugurais, inauditas até então...
& nessa forma de expressão sonorrealista, surreal, irreal, real, mas não fatal, leal, serial... compõe a obra em movimento... fisiológica, alucinada!
&





é que
existe uma mulher
ela é tudo
corpo, alma, espírito
razão, loucura

hora, dia, mês, ano...




22 de out. de 2018

Tomei partido dos lúcidos

Tomei partido dos que caíram
& preferiram reinar
em seu inferno pessoal
do que ter que servir
à qualquer promessa de paraíso!
Tomei partido dos que sorriem
& não se apegaram
aos motivos que tem para chorar!
Tomei partido do amor
mesmo os mestres dizendo
que viver é sofrer
& dar a outra face!
Tomei partido do vinho
& das festas que levam ao êxtase,
os ritos de morte & loucura
que revelam aquilo que somos!
Tomei partido da fêmea
dos animais, dos mendigos, das crianças
que nada exigem a não ser atenção!
Tomei partido,
Tornei partido
& emendei
sentimento & razão!
Tomei partido do lúcidos!


19 de out. de 2018

Inspiração

No jardim,
quintal de si,
ela dança em instantâneos...
Em volta da amoreira,
esse pé de fruta-borboleta
que a sonha,
& ganha asas de papel
para seus pés bailarem...

No quintal
jardim de si,
ela colhe o silêncio
que as cigarras não deixam fazer...
Quem sabe se ela pisa as folhas
ou apenas voa por ali?
Há sucos a se macerar
sem tocar os pés no chão...
É o caldo da imaginação!

No instantâneo
lugar nenhum,
ela esconde um olho
de trás de uma folha verde...
& olha adiante,
ela olha o instante
que metade do seu sorriso
também escondeu...

Lá,
no jardim-corpo-quintal,
ela come pela metade
a fruta da realidade...
Logo pássaros crisálidas gatos
cães poetas gente
peixes que voam virão po(u)sar,
& pela sua mão & arte
há de metamorfosear
a dureza que levou metade de seu sorriso
em cor & paz!

17 de out. de 2018

Mentiras Reveladas

Vou te vestir de cordas
te vestir de beijos
te vestir de tatuagens...
Te cobrir de poros eriçados
de carne mordida
de pele branca suada...
Vou despir teu pescoço das jóias
te despir das cercas do pudor
te despir do desespero de chegar lá...
Quero te cobrir de vergonhas novas
de fantasmas dos dogmas
de culpas por não ter deixado...

Como são tolas as mentiras dos homens!
Você já estava vestida,
já estava coberta,
Você mesma se despiu
& veio aqui - revelada!
Eu só fiz o que você quis...

15 de out. de 2018

Ainda vale a pena

Ainda vale a pena
escrever poemas?

Se sim, sempre valerá!
Se não, nunca valeu!

Porque hoje
nada dói mais do que ontem,

& os motivos para sorrir ou chorar
sempre estiveram dentro de mim,

Pois meus sorrisos nunca foram vagos
não são movidos à álcool, sadismo, escárnio...

Cada vez que amei a beleza
foi porque ela é maior que toda insanidade,

& se amanhã descobrir dores maiores
farei delas temas para poemas,

Não vou mudar o mundo
mas o mundo também não vai me mudar!

13 de out. de 2018

Cante Essa Canção

Tem dias que não quero te ver'
Passo por outro caminho,
onde sei que teu perfume não vai estar;

Com você aprendi como o amor faz sofrer'
& nada valem palavras de carinho,
O amor é da brutalidade do dizer ou calar;

Quase não te reconheço mais'
Você se torna tão rara no trato,
Mas nunca, por nada, sairá do meu coração;

...& quando me ler aqui, paixão,
Não passe rápido,
Cante isso como se fosse uma canção...

Fora os dias que só penso em você'
Tem dias que não quero te ver
& como é difícil deixar de pensar...

Tirando as horas de obsessão,
Passo por outros caminhos,
me tornei mestre em rotas de colisão;

O amor é da brutalidade do dizer ou calar,
Te amo, silêncio, canção,
Nunca falei ou deixei-me calar;

...& quando me ver aqui, no chão,
Não passe tão rápido,
Cante isso pra ti, como se fosse uma canção...

Eu te chamo, te componho'
de trás para frente, dá no mesmo,
Você se torna tão rara, no sonho;

Teu nome está onde não o ponho'
começa com A, luz que vejo,
& não diminui em desejo...

...Quando não me ler mais aqui
Não pense rápido, ainda a almejo,
Somente cante essa canção,
   que para você é mais um beijo...


1 de out. de 2018

A Abelha

A vespa salvei,
tinha dorso cor de flor de laranjeira,
& vendo melhor
era uma abelha do cerrado;
Agradeceu se penteando
diante dos meus olhos
& afastou de mim
seu ferrão;
Voou para o Leste
pra trazer a Aurora
Sem maior satisfação
sem agradecer minha obrigação;
Voou, não mais perdida,
rumo onde brota mel
do céu do sol do fel
da vida...