22 de dez. de 2010

Tao Teh Ching - Lao Tse


Esvazia-te de tudo.
Deixa a mente repousar em paz.
As dez mil coisas erguem-se & caem enquanto
O Eu observa Seu retorno.
Elas crescem & florescem & depois retornam à fonte.
Retornar à fonte é a calma, que é o modo da Natureza.
O modo da Natureza é imutável.
Conhecer a constância é compreensão.
Não conhecer a constância conduz ao desastre.
Com a mente aberta, tu terás o Coração aberto.
Tendo o Coração aberto, tu agirás nobremente.
Sendo nobre, tu atingirás o Divino.
Sendo Divino, tu estarás de acordo com o Tao.
Estando de acordo com o Tao, és Eterno.
E embora o corpo morra, o Tao jamais findará.

                                                                   ---- Lao-Tsé

14 de dez. de 2010

O Sonho Alquímico: Renascimento da Grande Obra - Terence Mckenna



“...
   Eu penso que a inteira mensagem da experiência psicodélica é que a natureza busca se comunicar, todos os seres estão impregnados com linguagem, toda a realidade deseja incluir o lado humano da natureza em seu próprio intento de existência.
...
   Eu penso que neste momento bastante hi-tech de nossa aventura as plantas retornam...
   E praticamente se colocam diante de nós como um farol e uma promessa, elas surgem em nome do Tao absoluto, elas surgem em nome do modo correto para a vida se relacionar com seu ambiente.
   Se você olhar ao seu redor, a civilização global inteira está adentrando em um tipo de sobrecarga, planeta em si, o planeta pode ser visto como um tipo de destilador alquímico, a matéria prima para ser transformada são os depósitos nucleares, os depósitos de lixo tóxicos, as áreas industriais arruinadas...
   O I-Ching diz: “Nunca confronte o mal diretamente, e nunca o nomeie porque ele encontra armas para se defender”. Nós não somos um exercito, então nossa estratégia precisa ser disfarçada. É uma estratégia alquímica.
   E o que quero dizer com “disfarçada”?
   Quero dizer que o lar da prisão racional deve ser infiltrada por arte, por sonhadores, por visões...
   -ENCONTRE OS OUTROS!-
   Encontre os outros e então você saberá o que fazer!
   Toda verdade que emerge do indivíduo é subversiva.
   Encontre os outros, e então, usando essa tecnologia que é feita para nos aprisionar, para assaltar nossos bolsos e para vender lixos que nós não queremos, use esta tecnologia para produzir arte,  quantidades massivas de arte subversiva.
...”

9 de dez. de 2010

WikiLeaks - Parem a Perseguição!‏

Caros amigos,

A campanha de intimidação massiva contra o WikiLeaks está assustando defensores da mídia livre do mundo todo.

Advogados peritos estão dizendo que o WikiLeaks provavelmente não violou nenhuma lei. Mas mesmo assim políticos dos EUA de alto escalão estão chamando o site de grupo terrorista e comentaristas estão pedindo o assassinato de sua equipe. O site vem sofrendo ataques fortes de países e empresas, porém o WikiLeaks só publica informações passadas por delatores. Eles trabalham com os principais jornais (NY Times, Guardian, Spiegel) para cuidadosamente selecionar as informações que eles publicam.

A intimidação extra judicial é um ataque à democracia. Nós precisamos de uma manifestação publica pela liberdade de expressão e de imprensa. Assine a petição pelo fim dos ataques e depois encaminhe este email para todo mundo – vamos conseguir 1 milhão de vozes e publicar anúncios de página inteira em jornais dos EUA esta semana!


O WikiLeaks não age sozinho – eles trabalham em parceria com os principais jornais do mundo (NY Times, Guardian, Der Spiegel, etc) para cuidadosamente revisar 250.000 telegramas (cabos) diplomáticos dos EUA, removendo qualquer informação que seja irresponsável publicar. Somente 800 cabos foram publicados até agora. No passado, a WikiLeaks expôs tortura, assassinato de civis inocentes no Iraque e Afeganistão pelo governo, e corrupção corporativa.

O governo dos EUA está usando todas as vias legais para impedir novas publicações de documentos, porém leis democráticas protegem a liberdade de imprensa. Os EUA e outros governos podem não gostar das leis que protegem a nossa liberdade de expressão, mas é justamente por isso que elas são importantes e porque somente um processo democrático pode alterá-las.

Algumas pessoas podem discordar se o WikiLeaks e seus grandes jornais parceiros estão publicando mais informações que o público deveria ver, se ele compromete a confidencialidade diplomática, ou se o seu fundador Julian Assange é um herói ou vilão. Porém nada disso justifica uma campanha agressiva de governos e empresas para silenciar um canal midiático legal. Clique abaixo para se juntar ao chamado contra a perseguição:


Você já se perguntou porque a mídia raramente publica as histórias completas do que acontece nos bastidores? Por que quando o fazem, governos reagem de forma agressiva, Nestas horas, depende do público defender os direitos democráticos de liberdade de imprensa e de expressão. Nunca houve um momento tão necessário de agirmos como agora.

Com esperança,

Ricken, Emma, Alex, Alice, Maria Paz e toda a equipe da Avaaz

Fontes:

Fundador do site WikiLeaks é preso em Londres:

Visa e MasterCard se unem ao boicote contra WikiLeaks:

Hackers lançam ataques em resposta a bloqueio de dinheiro do Wikileaks:

Conheça o homem por trás do site que revelou documentos secretos americanos:

O criador do WikiLeaks, entre a sombra e a busca pela verdade:

Saiba mais sobre os telegramas diplomáticos:
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6 de dez. de 2010

Os nativos das terras de Vera Cruz

Eu não consigo viver
desconfiando de tudo
Eu não posso viver assim
crendo que todos querem me enganar,
Renego isso
mesmo que a pecha de idiota me dêem
E no país dos vantajeiros
eu me recuso
a seguir a sina do sangue deste povo;

Busco uma forma
de exorcizar de mim
esse espírito safado
esse espírito ressentido
esse espírito demente
esse espírito de aproveitador
esse espírito alienado
que quer passar a perna e enganar todos;

Pais, padres, pastores, políticos, policiais, parentes, prostitutas e prostitutos, pedintes,
patrões, paladinos, profissionais liberais da decadência secular brasileira...

E saio por aí
nesse curral mal asfaltado
e cimentado com a falácia da má-fé geral
que está na cidade
que é o país
que é o mundo inteiro,
E ouço o ensurdecedor ruído
dos urros bestiais
de todo este povo brasileiro
dos seres humanos em geral
Agonizando em involução;

O ‘p’ que nos pede engajamento nessa indigência é o ‘p’ da ‘perversidade’...

Eu não consigo viver em paz
tendo que reagir à isso,
Eu não tenho paz
convivendo com todos esses selvagens...


1 de dez. de 2010

The Origin of Consciousness in the Breakdown of the Bicameral Mind


“A Origem da Consciência na Ruptura da Mente Bicameral”

de Julian Jaynes


-- Partes Selecionadas --


Livro Primeiro - A Mente do Homem

I - A Consciência da Consciência

“A Localização da Consciência”

[pág.50 e ss.]

   ...
 
 A falácia final que analisarei é importante e interessante; a deixei para o final porque creio que dá o tiro de misericórdia na teoria comum da consciência. Onde é o lugar da consciência?

   Todo mundo ou quase todo mundo tem como resposta à isso: na cabeça. Isto se deve a que quando introspectamos parece que buscamos ali dentro ver um espaço interno, situado atrás dos olhos. Mas o que queremos dizer com ver ou buscar? Às vezes até fechamos os olhos para observar os pensamentos, para introspectar com mais clareza. Introspectar o que? Esta índole espacial parece inquestionável. Todavia, parece que avançamos quando menos “vemos” em diferentes direções. E se esforçamos muito para caracterizar mais este espaço (apesar de seu conteúdo imaginado), sentimos uma vaga irritação, como se houvesse algo que não quisera ser conhecido, uma qualidade que resulta ser desagradável indagar sobre, como, digamos, uma atitude rude em um lugar amistoso.

   E não nos basta situar este espaço da consciência em nossa cabeça, supomos que aí está no caso das demais pessoas. Ao falar com um amigo mantemos um contato periódico olho a olho (esse vestígio de nosso passado de primatas em que o contato olho a olho se relacionava com o estabelecimento de hierarquias tribais), e sempre supomos que há um espaço detrás dos olhos do nosso interlocutor, similar ao espaço que imaginamos haver em nossas cabeças, do qual vêm o que dizemos.

    E este é o verdadeiro centro da questão, porque sabemos perfeitamente que não há nenhum espaço dentro da cabeça. Na cabeça não há outra coisa que tecidos fisiológicos de um tipo ou de outro. O que seja predominantemente neurológico não tem importância.

   Não é fácil nos habituarmos à este pensamento. Significa que continuamente estamos inventando estes espaços em nossa cabeça e nas dos demais, sabendo bem que anatomicamente não existem; a localização destes “espaços’ é de todo arbitrária. Os escritos aristotélicos, por exemplo, situam a consciência ou a morada do pensamento precisamente em cima do coração; segundo este pensador, o cérebro não era outra coisa a não ser um simples órgão refrigerador, pois era insensível ao toque e às lesões. E muitos leitores não lhe tiraram sentido nesta analise porque situam seu pensamento em algum lugar da parte superior do peito. Sem embargo, para a maioria de nós está tão arraigado o hábito de situar o pensar na cabeça que seria difícil pôr-lo em outra parte. Mas, em verdade, você poderia ficar onde está e situar igualmente sua consciência no ambiente em volta, junto à parede e perto do piso, e realizar seu pensar ali tão bem como o faz em sua cabeça. Bem, não tão bem porque há importantes razões para situar nossa mente-espaço dentro de nós, razões que tem a ver com a volição e as sensações internas, com a relação de nosso corpo e nosso “eu”, as que serão mais destacadas conforme avancemos em nossa investigação.

   Que não exista necessidade fenomenológica de localizar a consciência no cérebro é uma tese que vêm a reforçar alguns exemplos anormais, no que parece que a consciência está fora do corpo. Um amigo meu que recebeu uma lesão frontal na parte esquerda do cérebro recobrou a consciência localizando-se eufórico em um lugar do teto de um hospital, de onde podia ver-se a si mesmo deitado em um leito e envolto em bandagens. Os que consumiram a dietilamida do ácido lisérgico (LSD) falam de experiência fora do corpo, ou exosomáticas, que é seu nome. Coisas como estas não indicam nada metafísico, simplesmente indica que localizar o lugar da consciência pode resultar arbitrário.

   Mas não tomemos conclusões errôneas. Quando estou consciente, sem duvida estou usando sempre partes de meu cérebro, que estão dentro de minha cabeça. Mas o mesmo ocorre quando ando de bicicleta, se bem que o andar na bicicleta não ocorre dentro de minha cabeça. Os exemplos são diferentes, claro, porque andar na bicicleta ocorre em uma localização geográfica, o que não se sucede com a consciência. Na realidade, a consciência não tem localização nenhuma, exceto quando imaginamos que tenha.


II - Consciência

[pg. 54]
   ...

   A linguagem é um órgão de percepção, não só um meio de comunicação.


[pg.56]

   ...

   O léxico da linguagem é um conjunto finito de termos que graças à metáfora se pode ampliar até abarcar um conjunto infinito de circunstâncias, e inclusive pode chegar a criar, deste modo, novas circunstâncias. (Poderia ser a consciência uma destas novas criações?)

   ...

   Compreender é falar em metáfora de algo. ‘Metaforizar’ causa um sentimento de familiaridade.





[pg.58]

   ...

   A mente consciente subjetiva é um análogo do que chamamos o mundo real.


[pg. 67 e ss.]

   ...

   Temos dito que a consciência é mais uma operação - não uma coisa - um depósito ou uma função. Opera por meio de analogia, por meio de construir um espaço análogo com um “eu” análogo que pode observar este espaço e mover-se metaforicamente nele. Opera sobre qualquer reatividade, extrai aspectos pertinentes, os narratiza e concilia em um espaço metafórico no qual é possível manipular esses significados como coisas no espaço. A mente consciente é um análogo espacial do mundo, e os atos mentais são análogos aos atos corporais. A consciência opera unicamente sobre coisas observadas objetivamente. Ou dito de outro modo, que nos recorda John Locke, na consciência não há nada que não seja análogo de algo que primeiramente esteve na conduta.

  ...

   A consciência vem depois da linguagem.


III - A Mente da “Ilíada”


[pg.79]

   ...

   Em certo sentido, se pode dizer que nós havemos nos convertido em nossos próprios deuses.


IV - A Mente Bicameral


[pg. 93]


   ...

   O som é o menos controlável das sensações primárias; o som é o meio da linguagem que é o mais intricado de todos os logros da evolução.



VI - A Origem da Civilização

[pg. 118]


...

   A mente bicameral é uma forma de controle social que permitiu ao gênero humano avançar partindo de pequenos grupos de caçadores-coletores e chegar à grandes comunidades agrícolas. A mente bicameral, com seus deuses controladores evoluiu como etapa final da evolução da linguagem. E neste desarrolho se encontra a origem da civilização.




(Tradução feita por .e.m.t a partir da
edição de “El Origen de La Conciencia
em La Ruptura de La Mente Bicameral”-  
Fondo de Cultura Económica -Mexico -
 2009)