2 de mar. de 2012

Édito Unico - 2012e.v.

Então nesse dia descobri
   que não faço mais parte
      daqueles lugares que outrora frequentei
Eles não me pertencem mais
   & felizmente
      eu não pertenço mais à eles também...

É que depois de um grande exílio
   eu fui lá para me entregar àqueles mesmos lugares
Fui oferecer-me como oferenda
   em troca de um pouco de companhia
Mas eu não coube lá mais...

Agora sou de fora
Já pertenço àqueles limites de onde a lua desponta
Pertenço às paragens da cidade
   onde só inquieta a quietude
      & o neon & o riso inebriado
         dá lugar à festa da aurora
            & à mansa escuridão de todo entardecer...

Adeus de vez centro da cidade
Adeus de vez sedução frívola
   das frestas do asfalto e do batom barato
Já sou solidão completa
Não mais procurarei
   venenos industriais
Não mais chorarei
   rindo fácil uma vaidade...

Olá! Eu mesmo!
Companheiros exilados
Saudações definitivas
   estradas às longitudes!
Senda do amor fati
Da qual respiro poeira
   que compõe minha obra
Uma poema pesado
   o qual tesa o cabo de aço
      sob o qual funâmbulo
Abismo humano
   sobre abismo mundano!

Sorri-me demônio
Sorri ao amor fatal
Que de lá donde surge o sol aurora
   & a lua senhora em véus de nuvens sertão
Também vem a tempestade
   que lava as ruas do centro da cidade
      com a paralisia da saudade que não vou mais ter
Lavando o que foi um dia
   meus passos mais errantes...


Nenhum comentário: