20 de abr. de 2015

Enquanto Houver Nuvens

Tendo lembrado & relembrado
O estranho furor dos dias que anestesiam a alma
Repousei na memória do meio-dia
   das coisas que nem sei...
O que me dizes, Águia & Serpente?

Aceitar as verdades dos outros
É um longo caminho que sequer tenho o mapa
As razões que fazem você dizer os seus lamentos
Não são as mesmas que me fazem desejar minha própria dor

Nos últimos dias então viajei em uma dor lancinante
   que me visitou dentro do sono
& com ela pairei sobre a própria realidade
   desfigurada do sentido que sempre nos faz fugir do que dói
Depois dali, procurei por ana em palavras alheias sussurradas
Mas não tive mais que o próprio carinho
    daquela dor pela qual naveguei dentro da madrugada:
Seu acalmar...

Agora pairo anestesiado
   por entre encruzilhadas que eu não soube desarmar
Falam-me os vazios e os horizontes do mundo
   sobre um lento despertar:

“Enquanto houver nuvens há esperança...”
Enquanto eu crer no milagre, pode o milagre chegar...
Que chegue a tempo
   salvação do meu corpo, salvação de minha alma
Para ti reservo o fascínio do fluir calmo
   dos rios do céu,
                que cedo ou tarde,
                              desabam como graça
                                               em chuva sobre o chão.

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