24 de jun. de 2015

Serendipite


Incauto, espero que o acaso me favoreça
   entre luzes & sombras de um dia como os outros
Nada me resta a não ser deixar me arrastar pela textura
   tecida pelo fio trançado das Parcas
Sigo a linha mesmo sem me recordar onde vai dar...

Ela me levará mais uma vez
   para o repouso indolor do sono irmão da morte
E fazer-me recordar do que estou preste a esquecer
Mesmo que me venha em sonhos
Mesmo que seja uma presença inesperada...

& nos sonhos te encontro novamente
   me falando de coisas que nunca existiram
Eu escuto seus vaticínios sonhados
   como quem aceita a dádiva de uma surpresa desviante
É assim, mais uma vez, que você volta para mim...

Nas entrelinhas escrevo o acervo de alegrias reminiscentes
   que nunca aconteceram entre nós...
Elas são nomes de lugares, ideias de paixões
   crianças que nunca tivemos
& encontros furtivos pelos caminhos oníricos...

Me prostro na dobra do vento
   ante os momentos que se foram e os momentos que nunca serão
Enxergo com límpida ofuscação
   a forma do seu rosto que vai se perdendo com o tempo na memória
Eu sei que já há algum tempo tu és só uma ideia em meu coração...

Mas não deixo se apagar em mim
   o apego que tenho em ainda estar a procura
Daquele dia radiante em que terei mais
   do que uma vontade inesperada de te encontrar
      pelas ruas da cidade...




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