2 de fev. de 2019

{Platônica}


Imóvel
Não em uma encruzilhada
Não em uma fronteira
Parada onde se encontra
Vendo tudo, acessando nada
Ela mais parece uma pérola
Do que um monumento
Talhada na carne
Como se esgotasse todo mármore
Em curvas & ideais
Ela esculpida em uma esquina
Em uma trilha, no quintal
Sabendo o que faz de si
Ao acaso
É mais silêncio do que falar
É mais beleza do que mostrar
É mais ela mesma do que quereres
Uma menina, uma mulher
É mais distância do que presença
É mais sonho do que sofrer
É mais solidão que multidão
Pichada nas paredes
Rolando por entre folhas caídas
No vento, no vento
Nos casulos & nos ninhos
No gosto perdido do morango verde
Em sua língua vermelha viva
No azul que adotou do céu
Pouca notícia pela cidade
Um diploma na gaveta
Flores de madeira perto do espelho
Também dorme no escuro
Usa do ar como todo mundo
Paga pela gasolina
É feliz de graça
Seu nome sem nome
O nomos da exceção
A cor predileta dos meus sonhos
Riqueza que passa na vida dos outros
Ela é amor, & fúria também
Rubi esmeralda... Me entende bem
Imóvel quando quer
Não precisa decifrar esses mistérios
Analógica, anacrônica
De tudo isso que não passa
Que vive a última vida
Nesse eterno retorno
Das coisas raras



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