2 de nov. de 2019

Ecsistência


Me pego escrevendo como Cioran, tristezas & mágoas quase sem nexo,  se não fosse a beleza, se não fosse a verdade...

Vir a existir é um despertar rumo ao adormecer, um encher gradativo para esvaziar-se repentinamente.

Existir é ter onde caber todos os desejos & não ter por onde os desalojar.
Existir é distorcer uma ilusão até ela não mais ter lugar na consciência & se tornar dor & querida.

Esse descer à vida só pode ser voluntário. Afinal somos masoquistas, nossas errâncias o provam, somos o cisco que na ostra se faz pérola barroca.

Ninguém vem aqui por engano, todos entram nesse artifício da vida por morbidez própria. Somos ousados.

Vamos de encontro a tão só uma sensação, um reconhecimento, que somos velhos, muito velhos... mais antigos que o tempo & existir é vir lembrar isso.
& para quê? Para nos redimir da eternidade & do infinito & do nada em nós:

Amor & imaginação & ignorância.

Coisas que furtamos de outros deuses & tornamos melhor, & como criminosos que somos, tivemos a sorte de no sarcasmo cósmico do Demiurgo, escolher nossa pena: Existir! Com tudo que isso traz.



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