8 de nov. de 2022

Davhar

 

Sonhei com uma paisagem que nunca vi...

   ...eis meu cérebro gastando energia para criar coisas para além do meu conhecimento, me falando da potência da imaginação...

& pela manhã leio sobre Milton...

   ...sinto minha mente afiada como uma lâmina que não distinguo se serve para cortar pelos, carne ou a realidade...

"Cada qual (Freud e Milton) exalta a interioridade contra as coisas do modo como são externamente, e ambas as instâncias são modos de negação, liberando o pensamento e a poesia de um passado sexual, ao mesmo tempo em que mantém uma considerável repressão da memória, do arrependimento e do desejo" (H. Bloom)

Sonhei com uma paisagem que nunca vi... era como se houvesse ventos condensados em pilares-lençóis, rosas branco pálidos azulados, erguido da base aos céus como árvores etéreas que sustenta apenas um fundo onde à frente, ou por debaixo, passava um ser empurrando, tal qual caracol inverso, suas coisas ali comportadas diante as mãos que não via.

Dispersando nessa paisagem toda memória, pois tal vista não é fruto de nenhuma lembrança, nem de coisa da natureza ou da arte; não comportando nenhum resquício de ressentimento, seja de mágoa, raiva, amor ou saudade,  nenhuma retorno de sentir algo assim, era só um olhar, talvez para algo absolutamente novo, sem nenhum devir; nenhum devir nem mesmo do desejo, seja sexual ou material de qualquer forma... era apenas a vista de algo transcendente, alienígena, extraterrestre, meta-humano, porém físico em si, mas que ia além...

Sonhei com uma paisagem que nunca vi... era algo como uma além-floresta... por onde se passa, eu vi ao longe, mas era enorme... vi por um instante, mas era permanente... rizomas estendidos entre o nada & algo...

Eu apenas sonhei, des-imaginei...

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