18 de fev. de 2023

Sábado de Carnaval (Fantasia Nua)

 

Lá fora...

(🎵Piano tocando caoticamente... melodia de galhar de pássaros... irreconhecível... mas ouvido pela milésima vez...🎶)

O muro de concreto cercou a janela,
   tapando o nascer do sol.
Mas a luz acha outros caminhos aos olhos
Nas brechas dos prédios
    que não se tocam mas tapam a visão
Pelo alto, no fim, ou começo, tudo é redondo
   com o abismo invertido do céu sobre tudo
      & ali tudo circula livre...
Luz, lembranças, som, saudade
   invariavelmente rompem os muros
      & chegam até nós...

É sábado de Carnaval
Isso quer dizer:
   -Um dia a mais, um dia a menos!
Quer dizer:
   -Longe no tempo, da última vez!
Quer dizer:
   -Silêncio entre o ronco dos motores,
        ronco no silêncio da alma!

Aqui dentro...

(Teremin dissonante se estende ao infinito... zunido do ruído branco nos ouvidos... melodia inexistente... só o requiem da morte de neurônios que deviam guardar uma lembrança, uma informação, de festas agora afastadas no tempo...)

A tristeza cercou como muro
   o que outrora foi sua presença.
Aquela luz cegante
   se tornou claridade que sombreia
      a periferia da visão...
Por baixo, sob os pés, tudo é plano
   & por ali só se propaga ondas sísmicas
      que racham o chão para nos engolir...
Nada circula,
   a não ser o pensamento desesperado
      em encontrar outro porque
         para não ser soterrado!

É sábado de Carnaval
   & isso não quer dizer nada
      sem você...
Minhas fantasias nuas
   espalhadas pelas ruas
      como papéis picados jogados para cima
         & que agora são sujeira no chão.


"...Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não..."
(Vinicius de Moraes)



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