10 de set. de 2025

Vis-ă-Vis

 

Sentimos o nada ao redor se condensar
   revoltoso & implacável
Trincas rompendo no concreto do real
   para fazer emergir encontros de contas

Sensíveis à paródia da carne
   ouvimos o véu rasgar
Por entre as pregas das vísceras
   que pressaginham o medo

A realidade censora sensorial
   constrange as rugas & os rasgos do tempo
O novo não percebe envelhecer
   & velho não saberá que morreu

A fúria se desenrola em volta de nós
   sensual, sedutora, violenta
Nem percebemos quando somos arrastados
   para o confronto do corpo contra o chão

Cada um vai assim
   pela recorrente violência que lhe acaricia
Girando no olho cego do furacão
   que sempre te pega distraído

Nossos tempos com sua cota completa
   de coisas insuportáveis
Se desfaz em ringue
   para finalmente nos sujarmos de liberdade
      & seguirmos em frente
         com a alma lavada de tudo que for 
            polêmica!



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