1 de mar. de 2016

Além da Manhã

                            ...enquanto na manhã de Sábado
                    Uma chuva de dervixes desce bailando
   com as folhas desavisadas que balangam da paineira
                                                                                                       & caem
           A água ferve mais rápido que na sexta-feira
                        para enfim eu passar o café...

Lá fora não parece nem verão
   quando o silêncio da vida invade o mundo
                           com o cessar do chuvisqueiro
O gato até anima em ir verificar os vasos de plantas
             & ronronar ali a lenda da manha
      enquanto eu penso em fazer chá também...

      Troco o sabor da noite de sono na boca
   pela cremosidade do pão quente com manteiga derretida
& experimento saber o que esse sabor familiar
   me fala sobre os sonhos últimos
      Mas eu não recordo nada
         quando um vento frio enche de suavidade meu pensamento...

Um raio ninja seguido de um trovão samurai
   distingue enfim o fim da chuva
      dispersando os sufis de guarda-chuvas
         como folhas molhadas varridas
      & eu sigo rumo dentro
   ao fim de semana...

      amanhã não será Domingo...
   amanhã não será essa manhã
Amanhã se chegar será não-hoje, muito tarde depois
& lá eu vou pensar na saudade de ontem
Quando, por quase nada,
   eu acordei em uma manhã perfeita & calma...
      que durou o tempo entre

          a água ferver, a chuva parar
                                                                                     & uma folha cair.


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