20 de jan. de 2019

Campo de Girasois

O primeiro lugar que anoitece na cidade é o campo de girassóis... O sol baixa por detrás dos prédios & um cardume remexe lento na água escura da praça, indo descansar junto com as flores... Há uma sombra extensa que distende de oeste ao leste, ainda é só sombra, & não noite... Sinto como se os girassóis estivessem plantados na minha nuca, & as carpas nadando em meu coração, & meu avesso, que nunca se desdobrou, colhe o calor guardado na cor dos girassóis & na calma da água... Ainda tenho o escuro iluminado das ruas para me afagar... Sinto-me a nadar na correnteza do tráfego, a passear ao longo do muro & sua sombra... Esse muro da noite que me cerca é uma espécie de saudade & o sol que se põe, um desgosto... Não há lugar que me leve as ruas, não há o que me pese mais a não ser não estar perdido lá onde a noite chega, ali onde você está... Penso nos girassóis só porque estão longe, e se vergam, como se fossem dormir, & me lembro das carpas, pois estão próximos de ti, & porque os peixes nunca dormem.

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