1 de jun. de 2024

EscreVida

 

"Todo abismo é navegável
  a barquinhos de papel".
-Guimarães Rosa

Eu de manhã resgato
No turbilhão de lentos pensamentos
Um barquinho de papel
Que louco rodava no mar do tempo
   em que eu mesmo flutuava em sono
      enquanto não acordava...

No papel escrito
   parcos grifos
      de um poema que naufragava:

"escreve para viver
   escreve & crê,
aí pode largar
   quiçá esquecer,
dar ao fogo
   ou guardar & depois ler
      aquecer,
em raro papel
   erguido de dobras
     & vincos de palavras riscadas
com rabiscos de haicais
& frases aleatórias
   que o caos coou,
filtro do fluxo
   de pensamento
      onde a borra
         do que se quer poema
                  ficou,
nada raro papel
   que pelo processo da escrita
            passou,
costura no tecido do tempo
   repuxado pela gravidade
      dos sonhos
   & do esforço para tornar o amor
         realidade
...nem que seja
      escrito... "



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