31 de ago. de 2025

Seth

 

Adeus agosto!
Que teus ventos já atrasados
   sussurrem agora adiantados
Poemas caóticos de Seth...

Tudo que havia de ser descoberto
   os ventos revolveram
Arrancou os véus
   levantou as saias
Varreu os céus
   revolveu a poeira da praia

Tudo que havia solto
   o vento ao seu desgosto
À Seth inventou
   turbulentas linhas rompidas
      de verbos de frio & calor

Adeus agosto!
Que teus ventos já arrasados
   sussurrem agora atrasados
Poemas caóticos de Seth
   nas frestas que chiam
      da realidade quase surda!



30 de ago. de 2025

Bike (Sub II)

 

Quando vou
   à minha direita está o fim da cidade
   à minha esquerda o pasto de luz da civilidade
Quando volto
   à minha direita está o pasto de luz da civilidade
   à minha esquerda o fim da cidade
Passo por ali
   no sonho da vigília
   no perigo da segurança
A visão ao longe
   a lonjura da visão
Quando vou
   & quando volto
...



28 de ago. de 2025

Partilha da Partida

 

Na memória quase apagando
   a época onde teci
      muitas das inocências compartilhadas
         com agora alguns ausentes
Eu me lembro das conversas
   o brilho da luz entorno
      locais, época
         sentimentos
Não ficou a lacuna
   fica a falta, a alegria partilhada
      não até tornar pó
        mas sendo migalhas no labirinto
A memória quase apagando
   recorrente na turbulência
      de um rio que não para
         & tênue luz que no final restará no fim de tudo
A saudade de momentos & paragens
   nas passagens de uma vida diferente
      por habitar outros tempos
         com pessoas agora ausentes



26 de ago. de 2025

(Sub I)

 

Você tem que se conectar com o Sub
Compreender o Sub
Manter entreaberta a porta opaca
Olhar pra sombra
Ter ciência da sobra
Medir o susto
Confabular o assombro
...



24 de ago. de 2025

Pilar (Sub IV)

 

Já não vivo mais o tempo linear
Sou como templo erguido na colina
Com pilares que sustentam
   as vigas de um teto
      que já não está lá mais
Sou a arquitetura em ruínas
De um ocidental que rodou o mundo
Parado, pilar, no alto da colina
Cada coluna, cada viga
Servindo apenas, concreta
Ao espaço aberto entre elas
& ao teto que promete desabar
Se um dia
   uma coluna faltar
...



20 de ago. de 2025

Logia

 

O idealismo de poucos
   arrasta muitos para a desgraça
A fé de uns
   joga outros na tragédia

Matéria & mente
   sem consciência da serenidade
Giram em tormenta
   destruindo a paz

Quem dera
   as bocas dissessem palavras a menos
& as mãos garantissem
   bem estar a mais



18 de ago. de 2025

Segunda-feira

 

Bora... sair do lugar...
Que a própria vida
   entregou pra morte
      nosso endereço,
Bora... pedalar...
Que nós mesmos entregamos
   nossa juventude à velhice
      pra sobreviver na roda
Bora... trabalhar...
Que a sorte sempre atrasa
   os mês sempre vence
      & o azar é o nome que damos ao carma
Bora... acordar
Que o novo empurra o velho
   seja o sonho ao sono
      a fome ao barro, a vontade ao gozo
Bora... ora... oba... opa...
Que tudo se confunde na noite
   & no dia nos confundimos na luz
      estamos rápido, de passagem
         um dia da semana de cada vez...



16 de ago. de 2025

Convivência

 

Pelas horas vai deslizando
   todo nosso desprezo
   todo nosso ódio
   todo nosso amor
Rumo ao alvo insólito
   da presença de outra pessoa

Instantes antes
   horas, dias passados
Andávamos nos misturando
   experimentando o sabor alheio
O doce, o amargor, o azedo, o salgado
   que nosso apetite anseia ou rejeita
Através do contato

Pelas frestas da convivência
Antipatia, indiferença, necessidade
   surgem & desaparecem
   para que não estejamos sós
   ou para que ansiemos a solidão
   de um certo tipo de companhia
Somos o tempo & o lugar
   que dura, habita ou passa
   o desejo & o desprezo
   deste ou daquele em nós



14 de ago. de 2025

Polpa de Carne

 

Tu o sabes... sempre é pouco
Tudo é pouco... mesmo que não acabe

Eu na distância da confusão
Na discrepância da conclusão
   entre o fato & o ato
Confessando os enfins... para os afins...

...Mais sonhos meus simples quantos...

Quanto mais simples meus sonhos
   mais me confundo na oniria vigilante
Esquecer dos fins
Afinais aquiescer!

Procurando o recôndito
Há ele de me achar?
Já o perpassei nos devaneios
& nunca ali parei
   de veraciade
Para vivenciar...

Agora minhas pernas
   poupam para mim
Enquanto se acabam
   no puro sulco que não perpassamos
Na nova trincheira
   da desistência.


 

8 de ago. de 2025

Extinção em Massa

 

A madrugada
convulcionou
Sobre minhas
  pernas cambrianas

Eu a carreguei
com seu peso de amanhecer
Sem nem ligar
  para o aniquilamento do sono

Quando percorro
essas horas desperto
Percebo que vivi
  milhões de anos & vou morrer logo

Percebo que a eternidade
parca das coisas
É nada na imensidão
  descabida das futilidades

O que passa
sobre a terra
É só substância
  para o esquecimento

O que rola
sobre os asfaltos
É só um sentimento jurássico
  que se acalmou

A extinção em massa
da vontade
Sob a pedrada
  da insensibilidade


 

4 de ago. de 2025

A.D.D.


Antes da estrada
fiquei pensando como seria
  a tristeza de passar por ali sozinho
Então quando sai
& me pus a caminho nem percebi
  que estar a caminho me fazia feliz
Ecos sem sons do pensamento
que sofre antes
  & nem percebe o prazer durante