22 de fev. de 2011

Considerações Contemporâneas 1


República da Sempre Crescente Mediocridade




Domingo midiático. O país assiste à despedida inanunciável do grande gênio da raça brasileira de sua importantíssima profissão. o fenômeno Ronaldo Nazário dependura suas chuteiras: a audiência explode em ovação!

O gênio da raça, sucumbido pela revolta popular daquilo que melhor representa a civilização brasileira, a agremiação, a torcida louca-máxima do grande expoente da cultura nacional: o futebol – a audiência enlouquece e clama por gols... por títulos, por copas do mundo... e todos os demais negócios sujos e encobertos pelas paixões enrustidas de todas as torcidas mundo afora... os reich de cada cidade!

Toda tecnologia midiática é voltada para o grande gênio da raça expor seus sinceros e profundos motivos para abandonar os campos, arrancando dó, lágrimas e saudosismos imediatos da audiência que baba fenomenalmente sob um discurso nababesco nas salas de suas casas e nos estádios de futebol tarde afora. E o timão vence mais uma partida depositada agora no altar de imolação em homenagem ao gênio fenomenal da raça rumo à aposentadoria.

Entremeio à uma louvação e outra e mais outra, um programa de TV e outro e mais outro, a mediocridade de toda uma nação e toda sua estupidez é escancarada no desfile pela passarela midiática, por entre imensos sorrisos de uma felicidade fenomenal boiando por entre bordões bombados que vai divertindo todo o povo brasileiro, do morro aos confins da internet: uma esquentada apologia à alegria da pobreza geral.

No mundo: estranhas revoluções populares convulsionam o “mundo árabe” dando a tônica nos noticiários que falam mais do gênio da raça aposentado – a liberdade desaba sobre as ditaduras da África...

No Brasil: a policia de Belo Horizonte massacra civis depois de não receber propina dos traficantes de droga - a liberdade desaba sobre os súditos das ditaduras da impunidade...

E no mundo: um terremoto agora devasta a ilha de uma nação branca e rica, a liberdade desaba no Haiti e na nova Zelândia...

Mas no Brasil: o chão treme, o grande framengo é sagrado judicialmente como o maior, o insuperável, o hipersupermega campeão do futebol nacional, e vai ter festa especial - a felicidade não pára de desabar sobre esse povo privilegiado de uma terra onde não há terremotos...

E o carnaval se aproxima enquanto o niilismo máximo do Big Brother Brasil 11 arrebata a atenção e as forças psicológicas e intelectuais de todas as mentes parcamente instruídas por anos e anos de novelas e pregações de pastores midiáticos noite adentro expondo assim o conflito final da raça, escondido que sempre esteve por debaixo dos índices de audiência concernentes ao valor do minuto/dollar da propaganda no horário nobre: sucumbimos à imbecilidade plena, em nome da liberdade advinda graças ao progresso e a ordem que há de continuar escondendo com discursos inteligentes e desavergonhados – já que tudo sempre esteve perdido mesmo – sublevando e varrendo pra debaixo do tapete verde dos campos de futebol todos os crimes da autodeterminação da banalidade pela qual nosso povo optou.


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