Os mosquitos adoram meu sangue
É seu alimento & comunhão com vampiros maiores
As larvas habitam minhas feridas
& procrastinam a cura da minha carne
As bactérias amam minha pele
& dela exalam aromas que flor nenhuma tem
Os demônios se apegam aos meus pensamentos
& me fazem porta-voz para o silêncio dos infernos
Os anjos se entretém com minha sina
Em voos de queda & ascensão na matéria imperfeita
& você se apega ao nada que sou
Esperando sossegada que eu seja como os outros
Minhas palavras atraem antivaticinios
Que não se cumprem sem se cumprir
Minhas visões cegam futuros
Que eu próprio desfiz para mim
Meu atos anulam certezas
Que se fossem outros ao certo desejariam
& ao que me entrego é só o fado que não carrego
Pois já aprendi o que é existir
As maiores ilusões de minha vida
Eu pago com realidades mortais
A nuvens chovem sobre mim
& eu me escondo ao ar livre
O sol projeta minha sombra no abismo
& eu a recolho na lua cheia
A terra é minha testemunha
& persigo novos álibis para meus pecados
Penetro nas multidões
Para confirmar que não faço parte delas
Extraio a seiva de limbo dos meus apêndices
Secretando minha fraca rebeldia & raso aniquilamento
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