2 de nov. de 2024

Apêndices

 

Os mosquitos adoram meu sangue
É seu alimento & comunhão com vampiros maiores

As larvas habitam minhas feridas
& procrastinam a cura da minha carne

As bactérias amam minha pele
& dela exalam aromas que flor nenhuma tem

Os demônios se apegam aos meus pensamentos
& me fazem porta-voz para o silêncio dos infernos

Os anjos se entretém com minha sina
Em voos de queda & ascensão na matéria imperfeita

& você se apega ao nada que sou
Esperando sossegada que eu seja como os outros

Minhas palavras atraem antivaticinios
Que não se cumprem sem se cumprir

Minhas visões cegam futuros
Que eu próprio desfiz para mim

Meu atos anulam certezas
Que se fossem outros ao certo desejariam

& ao que me entrego é só o fado que não carrego
Pois já aprendi o que é existir

As maiores ilusões de minha vida
Eu pago com realidades mortais

A nuvens chovem sobre mim
& eu me escondo ao ar livre

O sol projeta minha sombra no abismo
& eu a recolho na lua cheia

A terra é minha testemunha
& persigo novos álibis para meus pecados

Penetro nas multidões
Para confirmar que não faço parte delas

Extraio a seiva de limbo dos meus apêndices
Secretando minha fraca rebeldia & raso aniquilamento







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