6 de mar. de 2025

Depois de Tudo

 

Onde eu deixei sobras
   eu não deixei nada
      importante de mim...

Onde abandonei restos
   o que de importante deixei foi o 'abandono'
      & não o que restou...

Onde deixei saudade
   lugar raro
      para onde posso retornar...


Marcas minhas em outras vidas
   simples arranhados
      que se curam em um dia...

Marcas nossas pelo caminho
   simples migalhas
      que o vento varreu...

Marcas alheias em mim
   placas de onde
      não mais ir...


Eu tenho agora formas exatas
   do que antes se passou
Tenho elas desenhadas em uma mapa
   que é para saber para onde não vou
Na vida cabe mais
   do que estar onde não se é querido

As memórias doídas
   eu as lanço no ermo
Que é mais fácil acharem o outro
   do que retornarem a mim mesmo
& se não acharem quem as lembre
   é porque devem ser esquecidas

& o que sobrará depois de tudo
   para além dos restos
Resquícios de relacionamentos
   & vestígios de convivência
Será apenas memórias
   de um tempo que não importa mais



Porque essas coisas imemoriais
   precedem o fim
      antes mesmo de começar a acabar
   & anunciam princípios
      mesmo antes de acabar de começar...



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