Onde eu deixei sobras
eu não deixei nada
importante de mim...
Onde abandonei restos
o que de importante deixei foi o 'abandono'
& não o que restou...
Onde deixei saudade
lugar raro
para onde posso retornar...
Marcas minhas em outras vidas
simples arranhados
que se curam em um dia...
Marcas nossas pelo caminho
simples migalhas
que o vento varreu...
Marcas alheias em mim
placas de onde
não mais ir...
Eu tenho agora formas exatas
do que antes se passou
Tenho elas desenhadas em uma mapa
que é para saber para onde não vou
Na vida cabe mais
do que estar onde não se é querido
As memórias doídas
eu as lanço no ermo
Que é mais fácil acharem o outro
do que retornarem a mim mesmo
& se não acharem quem as lembre
é porque devem ser esquecidas
& o que sobrará depois de tudo
para além dos restos
Resquícios de relacionamentos
& vestígios de convivência
Será apenas memórias
de um tempo que não importa mais
Porque essas coisas imemoriais
precedem o fim
antes mesmo de começar a acabar
& anunciam princípios
mesmo antes de acabar de começar...
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