4 de mar. de 2025

Dharmakaya

 

& como o Buda
   que pregou um sermão em silêncio
      fazendo a flor de lótus
         girar em sua mão,
Eu prego meu sermão do trovão
   girando em minha mão 
      a grama arrancada do chão...

Quando eu estava louco
   recebia de volta
      o tanto necessário de insanidade
   para manter a chama da loucura ardendo
Agora que tudo passou
   vejo que a faísca para manter o fogo
      foi tirada do meu tempo & do meu corpo
   que se consumiram
      mas não tornei-me inteiro
         cinzas
Resta a força natural
   pureza transparente
      desse corpo de diamante
   precionado do carvão à jóia preciosa
& todas as coisas confusas
   que eu achava ser amor,
      alegria, ódio, tristeza...
   não passavam então de ser
      manifestações entre o desejo & a ilusão
         de um corpo submetido à alta pressão
            dentro do relâmpago da existência
Erva daninha na superfície da terra
   flor de lótus pairando sobre a lama
Meu barro, meu nada, meu chão
   repouso do relâmpago
      lar do trovão
O corpo permanece
   a mente resplandece
      unindo necessidade & transbordação




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