Boca faminta do nada
em meio às nossas entranhas
Devorando os dias
como décadas
Devorando a paz
& o desassossego
O que ela engole
se reproduz como enxame
O que ela devora
aumenta sua necessidade
Boca faminta do abismo
Vejo-a no céu
como o calor que precede a chuva
Vejo-a nas ruas, como o silêncio
que procede da submissão
Está em todo lugar
mordendo a felicidade
Abocanhando boa parte
do desejo & do gozo
Implicando em tudo
apenas insatisfação
Os velhos aportam-a
como uma boca banguela que baba
Os jovens
como boca bárbara que grita & cospe & cala
As crianças tem ela
como a boca de um vampiro que chora
Boca faminta do nada
à solta nas ruas
Começa seu banquete em nossas entranhas & termina na alma
Sem preencher coisa nenhuma
a não ser o nada & mais nada ainda
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