26 de abr. de 2025

Névoa

 

Eu me sinto confortável
   quando a neblina despe
...dizem que ela "desce", mas na verdade ela sobe...

Estou dentro do véu
   que abraça a luz & extende o sonho
...anulando a realidade banal...

Me sinto na penumbra do brilho
   cerração que vampiriza o neon
...& nos movemos rumo ao muro de branco profundo...

Na rua desenruada
   não há ninguém, só quem transrua
...somos espectros que passam uns dentro dos outros...

Um ruído branco se propaga
   desde o coração nublado até o gemido  nebular
...& o eco dos grilos preenche a bruma...

Até chegar, por entre a neblina
   tudo é uma suspensão que nos aproxima
...estamos à um passo de um acerto irreversível...

É o sopro do dragão
   é o sussurro do fundo flume
...que sobe desde o poço & se espalha como chuva inversa...

& quando menos se vê
   o sol espalha quem ele havia derrubado
...& o dia claro irremediável se estende até a noite outra vez...

Sem não antes
   baixar a pesada tênue cerração
...diluindo entreluz as coisas que são absorvidas da visão...

É mais longa a pouca hora de neblina
   que todo um dia de resplendor
...porque ali no berço névoa repousa uma paz & mistério em que adoramos estar...



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