Eu me sinto confortável
quando a neblina despe
...dizem que ela "desce", mas na verdade ela sobe...
Estou dentro do véu
que abraça a luz & extende o sonho
...anulando a realidade banal...
Me sinto na penumbra do brilho
cerração que vampiriza o neon
...& nos movemos rumo ao muro de branco profundo...
Na rua desenruada
não há ninguém, só quem transrua
...somos espectros que passam uns dentro dos outros...
Um ruído branco se propaga
desde o coração nublado até o gemido nebular
...& o eco dos grilos preenche a bruma...
Até chegar, por entre a neblina
tudo é uma suspensão que nos aproxima
...estamos à um passo de um acerto irreversível...
É o sopro do dragão
é o sussurro do fundo flume
...que sobe desde o poço & se espalha como chuva inversa...
& quando menos se vê
o sol espalha quem ele havia derrubado
...& o dia claro irremediável se estende até a noite outra vez...
Sem não antes
baixar a pesada tênue cerração
...diluindo entreluz as coisas que são absorvidas da visão...
É mais longa a pouca hora de neblina
que todo um dia de resplendor
...porque ali no berço névoa repousa uma paz & mistério em que adoramos estar...
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