21 de abr. de 2025

Passagem

 

Me deram para comer o pó desse chão
Junto ao ar que respiro
Ninguém fez conta do peso da fuligem
A conta quem me mandou foi a vida

Rodando em linha reta
Na quadratura desse círculo
Eu passo sempre pelas mesmas ruas
Em horas desertas

Meus dias são noites
Minhas noites sonolência
De sol a sol que não vejo
Sonho com a estrada

Eu sei de tudo que me abandonou
Eu sei o que abandonei
Não vou cobrar de ninguém
Mas também não tenho nada a pagar

Um dia a mais, um dia a menos
Essa conta que não fecha
Carregando nas costas o peso da saudade
& nos pulmões o pó que reviro


 

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