25 de jul. de 2017

...Poesia para Gente Triste...

Não sei o que fazer para desconstruir
       o que não fui eu que ergui

corpo, tamanho, heranças
forma, vazio, ordem
o câncer, a saudade

Eu só sei daquilo que eu escolhi
    & por isso posso responder

tatuagens japonesas
livros que li, revistas que abri
sonhos que sonhei

Eu só sei de mim, só, sei de mim
      & por isso sou culpado

ter gostado de Beethoven
amar uma mulher
querer imitar Burroughs

Nada do ódio alheio,
  só do meu ócio sei

filosofia & ayahuasca
literatura & cinema
haicais & erotismo

         Nada sei da guerra
que não foi eu quem declarou

a fome no mundo
a violência nos lares
os prejuízos nas mentes

   Sofro & choro,
o que não é raro

mas coleciono amigas com o nome de ‘ana’
sou anarquista, burguês e de classe média
e tenho simpatia pelo diabo

Sinto prazer em coisas que não admito,
     não preciso afirmar o que é meu

me fascina vestir máscaras para brincar
os paradoxos de ser bom & ser mau
a superação silenciosa do perdão

             Zelo de tolices,
porque nos jardins tudo é colorido

sei que há beleza no mundo
que ninguém, nem mesmo eu, me magoa
que a voz do coração é maior

O proibido não me fascina,
   não fui eu quem proibiu

prefiro dormir do que rezar
andar à pé do que ter que pagar
ser generoso a fazer caridade

Enfim, prefiro estar em paz
      do que estar torto

cheia de convicções a zebra é carne...
os limites da certeza as enchentes simulam...
nada é infinito se uma palavra lhe cabe...

                     Então...
me policio para não usar ‘então’

um beijo pra vocês que são tristes
escrevam mais poemas com a palavra ‘merda’,
o mundo precisa disso,
& me chamem para as polêmicas:

é ali onde exercito fugir para ser feliz!

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