O mofo compõe o bolor de meu pensamento
...vai se agregando em partículas úmidas
verde azul cinza de instância esponjosa...
O lodo das lembranças
cruza a estação das chuvas
Até se desfazer quando o verão acabar
Virará poeira de memória gasta
assim que o outono chegar
Acumula o limo que desliza para cima
na antigravidade da dissolução
Esfrego cinza verde pela pele ilibida
& secreto espuma lisa do meu corpo
que degrada também
como o mofo de meus culhões
Toda temporada é agora
um sonho extenso de bolor também
& pelas casas, ruas, bueiros
faixas obscuras das descontruções
corpos, corredores & fundos
O fungo se espalha
Está apenas presente limo
no ambiente como a gente
Úmido, escuro, quente
Transitando entre o lodo puro
& a losna soturna demente
Assim, quando o azul do céu firma
retraindo instantâneo
o verde bolor preemente da mente
Espera paciente o mofo
pela próxima chuva para prosperar ainda
o sufoco que é esquecer & repousar
na lama fina da vida
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