5 de jan. de 2025

Perfer et obdura

 

Tem sempre um muro à espreita
   Pra se quebrar a cara
Tem sempre um fosso pronto
   Pra se cair no fundo
Tem sempre uma mão pesada
   Pronta pra um tapa
& uma cara exposta
   Ao alcance de um soco

Eu salto em um buraco negro
   Procuro amores não correspondido
Eu corro na estrada sem saida
   Socorro serpentes venenosas no escuro
Eu caço feras com as mãos vazias
   Me lavo na chuva ácida
Eu conjulgo o verbo colidir
   Como se fosse o sentido da vida

Não conheço ainda
   Toda extensão subterrânea do Paraíso
Não vi a fronteira
   Do deserto de todo este êxodo
Não senti ainda
   O carinho incondicional de um afeto
Não passei
   Por toda vergonha da embriaguez da vida


"Perfer et obdura; 
dolor hic tibi proderit olim".
Ovídio


 

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