10 de ago. de 2023

Saudade/Saúde

 

"...Quando eu era criança, eu tinha febre
Minhas mãos pareciam dois balões
Agora eu tenho esse sentimento mais uma vez
Eu não posso explicar, você não entenderia
Não é assim que eu sou
Eu me tornei confortavelmente entorpecido..."
-R.  Waters, D. Gilmour em 'Comfortably Numb'

   Serti-me doente às vezes me remete aos dias da infância, quando, febril ou indisposto, o corpo se arrastava pelo dia como uma esponja se encharcado à medida que afunda nas águas soníferas do tempo...
   Interessante as lembranças desses dias ficarem como reminiscências marcantes ao ponto de hoje, enfermo ou convalescente, a memória me remeter à eles... ao sabor daquele sol sobre a testa febril, a mente torpe, o corpo quente se deslocando contra o vento fresco, o mundo em volta que não para nem diminui o ritmo, apesar do meu mal-estar...
   É que foram esses os primeiros desabores da morte, foram as primeiras fraquezas do corpo reveladas, limites contra os quais a criança então foi iniciada às fraquezas físicas, daquilo que podia fazer e ao sentido findo da existência...
   As febres, as dores de garganta, a cachumba, as gripes, encefalite, as dores de dente, intoxicações,  as infecções diversas, alergias... todas repassadas agora quando o corpo sofre de novo o ataque de enfermidades... a memória retorna aos dias em que a ausência de saúde era uma punição para a criança que tinha mais dias pela frente do que o velho, que agora, tem mais dias que passaram, & não voltarão como aquela saúde natural depois anormalidade de um dia ruim...
   A memória, doente de tempo, como o corpo de patologias, retorna, desliza entre o aqui & lá, como que recitando uma velha palavra, que não é "saudade", mas sim, "Saúde"!



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