2 de dez. de 2025

Vɛřvŭŕå

 

Falo uma língua nova
Às vezes nela grito, escrevo, esqueço

Ela flui da interioridade, de uma anterior idade
Ou de uma posteridade procastinada

Eu falo em uma língua nova
Língua quase extinta de um homem só

O sânscrito dos sãos, o inglês dos anjos
Grego das egrégoras, português dos urgentes

Metalinguagem original
De meus sentimentos

Falo uma língua nova
Que reverbera o que vim para falar

Fala que não tem ouvidos para a escutar
Palavras que ainda irão ser encontradas

É a prosa da rosa, a poesia da ousia
Verve da fervura, canto dos encantos



1 de dez. de 2025

Placebo

 

Na manhã incendiada
   enquanto me curo dessa minha febre
      pelas próprias forças de meu corpo,
Pago o preço desse remédio barato
   que é abrir os olhos,
      mexer os músculos,
         negar a dor
            & seguir...

Ali fora
   novembro vai se despedindo
      em cada manhã queimando
Como se padecesse de incêndio
   tudo que ficou para trás
      enquanto os dias vão esquentando
         mais & mais...

Assim dezembro decide amanhecer
   & o ano entra no mês crepuscular
      ambos verão verões passar
& que os céus leve a febre
   em seu rubro clarear
      como o banho frio
         ameniza a cólera
            & desperta o corpo para o dia ultrapassar!