10 de out. de 2019

Raiz & Fruto

...poesia inicia com algo já pronto,
é como uma semente com a planta já crescida,
raiz & fruto...
é como a carne já comida & defecada;
A poesia não se escreve, emana
de uma dimensão de onde ela salta:
o vazio quântico
do "com-pôr".
_
Não há palavras nas poesias,
disso elas estão vazias........
Elas são feitas de pedaços partidos
de espaço-tempo de imaginação,
existências & durações trincadas
& mesmo eternas, elas fenecem
& morrem... porque o poeta morre...
(A musa não!)
_
Porque quando canalizo essas linhas
tão retas como teso fico,
me angustia como o inconsolável clímax em que quero sempre estar...
& não posso!
Tudo que o nó na garganta,
o calor no peito,
& o pau duro
não podem junto sanar...
_
A insanidade consome
o pouco de razão que ainda há,
Nas conjunções verbais,
nas palavras dispostas a rimar
& penso:
"Não é possível ser só isso!
Deve haver mais... ar"
_
Pois se tudo cabe no poema,
ainda não comporta o silêncio
nem o nada que não há como dizer.
A físio-lógicka de um poeta repousa
entre a Raiz & o Fruto,
algo a se esquecer.......
Árvore que caminha
com seu corpo-sem-órgão!



Nenhum comentário: