4 de dez. de 2024

Aboio

 

Eu vou aboiá
   na estrada de terra que me calça
      na mata descerrada que me veste

Ronda o rapé nas ventas
   um tiro na asa do tizil
      um tapa na cabeça do capeta
Codas prosaicas ao som
   de Vaca Estrela & Boi Fubá
& a chuva que cai rala no chão
   une o barro que sou
      ao barro que quero voltar
Se tu é de pó que volte ao pó
   espírito é feito de eletricidade

Meu espírito agreste
   assume açudes de poesias
& faz contraste
   entre o inóspito caminho do coração
& o céu trovejante do pensamento

Aboio no cerrado concretado
   que o sertão se enfia pelo ar
Sertão espírito
   que prova que não sou simples
      sou arcaico
& toda essa ciranda da vida
   é só um círculo rumo à dispensa
      do que sempre passa
         & passará...



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