8 de dez. de 2024

Pragma

 

Quero largar meus sonhos à esmo
   para que morram secos
      como plantas sem água
Quero os abandonar jogados
   para juntarem sobre si
      o pó da realidade

Quero viver sem ilusões
   pragmático como um ateu
      que descrençou da felicidade
& sentir as coisas imediatas
   com a falta de qualquer esperança
      pairando no limite do mundo

Quero recolher o amor
   que aparece como chuva inesperada
      no meio de um dia quente
Quero ser sempre vítima
   de uma surpresa
      que não me fará bem nem mal

Quero deixar o peso do pó
   converter tudo que achei mais sólido
      em puro poeira também
Pois tenho muito
   a deixar escorrer pelos dedos
      como uma tempestade de areia

Sairei enfim por aí
   como se não houvesse amanhã
      nem houve ontem
& tudo que acontecer
   vai ser um fim
      sem início


 

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