Quero largar meus sonhos à esmo
para que morram secos
como plantas sem água
Quero os abandonar jogados
para juntarem sobre si
o pó da realidade
Quero viver sem ilusões
pragmático como um ateu
que descrençou da felicidade
& sentir as coisas imediatas
com a falta de qualquer esperança
pairando no limite do mundo
Quero recolher o amor
que aparece como chuva inesperada
no meio de um dia quente
Quero ser sempre vítima
de uma surpresa
que não me fará bem nem mal
Quero deixar o peso do pó
converter tudo que achei mais sólido
em puro poeira também
Pois tenho muito
a deixar escorrer pelos dedos
como uma tempestade de areia
Sairei enfim por aí
como se não houvesse amanhã
nem houve ontem
& tudo que acontecer
vai ser um fim
sem início
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