Como são prodígios aqueles
que permanecem ao lado
um do outro
Não por inercia
Mas pela ineficiência
em rastejar
...para longe!
Qualquer coisa rastejante à solta por aí
Qualquer coisa rastejante
que sobe em mim, escala você
Nossa fome, nossas mãos, o cheiro
Nossos dedos, os braços, os nexos
Qualquer coisa lacinante, lasciva
à solta no mundo, em volta de nós
Confundindo dor com prazer
embaralhando raiva com paixão
Querendo uma presa, um parceiro
Querendo um cúmplice
para certos crimes exemplares
Buscando um alívio
de pesos ímpares
Procurando algo para se fixar
um farol no mar, uma pedra no éter
um corpo num bar
Qualquer coisa que rasteja
mas aprendeu voar enquanto cai
Uma serpente no deserto
que prefere na areia afundar
do que no sol queimar
Um peixe na água
aprendendo à andar
depois de morder o anzol
Uma estrela preste à colapsar
depois da matéria leve queimar
...somos eu & você
um em volta do outro
Na lama, no vazio, no luxo
rastejando com asas, penas de lâminas
preso & soltos, pés de correntes
a nos maltratar
enquanto não temos mais o que fazer...
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